Desgraças acontecem - com conhecidos -, mas nunca conosco.
Dia 18 de abril de 2010 meu irmão foi hospitalizado, com traumatismo crânioencefálico. TCE, no jargão médico. Fora algumas pequenas suturas, no lado direito de sua cabeça raspada, não havia indício de que seu estado era gravíssimo.
Chegou em coma e permaneceu assim até semana passada.
Ver um homem com mais de 1,80cm, forte e lindo, imóvel, entubado, com sondas pra todos os lados é, no mínimo, perturbador. Ver seu irmão, indescritível. A sensação de impotência que emergia em nós, avassaladora.
Imaginar que ele poderia morrer nos fazia sofrer. Havia uma inquietude, uma apreensão, um receio que perdesse sua vida e o que faríamos sem ele? Sempre foi o mais paparicado, o mais mimado, o que deu mais trabalho e o que necessitava de mais compreensão, de mais amor e atenção. O que meus pais fariam sem ele? O “normal” dessa vida é os filhos sobreviverem aos pais e sequer, como mãe, imagino a dor de perder um filho. Não suportaria.
Ainda não poderíamos prever, naqueles dias, que, assim que saísse do coma, as seqüelas seriam nosso maior desafio. Para ele e para nós.
A felicidade da saída do coma foi substituída pela decepção.
Na Escala de Coma de Glascow, que mede semiquantitativamente o grau de envolvimento cerebral, ele estava entre 7 e 8. Essa medida utiliza três parâmetros clínicos para avaliar o envolvimento cerebral: melhor resposta verbal, abertura de olhos e melhor resposta motora. Ele não abria os olhos, não movimentava o lado direito do corpo e não falava.
Foi assim que voltou do coma: não fala, não responde a comandos, como deglutir, abrir os olhos ou apertar as mãos. Tem espasmos musculares, não mexe seus membros do lado direito, e respira com dificuldade. Seu nível de consciência é zero, ou seja, está desconectado deste mundo.
Por que descrevo aqui, expondo nossas mazelas?
Porque ouço, desde que ele está hospitalizado, que procurou por isso. Essa foi a vida que ele escolheu e esse é o resultado. Vou discordar de todos.
Ninguém, em hipótese alguma, merece estar como ele está e, por minhas filhas, afirmo que ninguém procura por isso. Ninguém tem culpa. Ele ou meus pais.
Fatalidades acontecem.
Resta a nós, familiares, o reconforto de ajudá-lo - e a seus filhos - da melhor maneira que pudermos, e pedir que deixem as críticas sobre sua vida de lado. Elas não nos ajudam e muito menos a ele, neste momento ou em qualquer outro.
Deixem-nos passar por todas as etapas da tristeza: o choque, a negação, a culpa, o medo e a insegurança, a depressão e finalmente a aceitação.
Para aqueles que nos confortam, meus agradecimentos, em meu nome e de minha família. Estão em nossas orações.
A nós, resta a esperança de que, sendo ele jovem e forte, recupere suas funções perdidas para viver sua vida com saúde e felicidade.
Raquel Lang - 05/05/2010.
=[
sábado, 8 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Só ela!
Sentada em frente ao computador, digitando, quando a Becca, ao meu lado, no chão, dando ração na boca do Johnny, solta essa:
- Mãe, a língua do cachorro é diferente? Acho que deve ser mais áspera, né? Eu tentei beber água como ele, no copo, mas não consegui...Então deve ser, né?
Imaginei a cena!
Essa menina solta cada pérola que cês nem imaginam!!
=D
.
- Mãe, a língua do cachorro é diferente? Acho que deve ser mais áspera, né? Eu tentei beber água como ele, no copo, mas não consegui...Então deve ser, né?
Imaginei a cena!
Essa menina solta cada pérola que cês nem imaginam!!
=D
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terça-feira, 20 de abril de 2010
Medo
Só quando a desgraça arromba sua porta é que nos damos conta de que a vida é efêmera mesmo.
Não foi diferente comigo. Foi ela aportar por aqui para me fazer sentir que amamos mais do que imaginamos, aqueles que amamos. Nós sabemos. Mas não sentimos.
E bate um medo. Medo de acordar pela manhã e saber que não está lá. Medo de querer falar, ver ou ouvir, mesmo brigar, e saber não poder.
Medo de perder o rumo, e até de olhar no espelho e não reconhecer mais quem é você, quando estiver sozinha.
Um medo diferente dos sobressaltos das sombras na janela do carro, pós-assalto.
Um medo de ter medo sempre. De não ter mais graça viver.
Sabendo que está ali, você decide, enfrenta, vive. Como será quando não estiver mais?
Acho que não vou aguentar. Quero ir antes. Pode me chamar de covarde. Não ligo. Só quero ir até meu fim, sabendo que nele estarei segura, pois estará ali, me vendo e ouvindo e então, não terei mais medo...
=(
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Não foi diferente comigo. Foi ela aportar por aqui para me fazer sentir que amamos mais do que imaginamos, aqueles que amamos. Nós sabemos. Mas não sentimos.
E bate um medo. Medo de acordar pela manhã e saber que não está lá. Medo de querer falar, ver ou ouvir, mesmo brigar, e saber não poder.
Medo de perder o rumo, e até de olhar no espelho e não reconhecer mais quem é você, quando estiver sozinha.
Um medo diferente dos sobressaltos das sombras na janela do carro, pós-assalto.
Um medo de ter medo sempre. De não ter mais graça viver.
Sabendo que está ali, você decide, enfrenta, vive. Como será quando não estiver mais?
Acho que não vou aguentar. Quero ir antes. Pode me chamar de covarde. Não ligo. Só quero ir até meu fim, sabendo que nele estarei segura, pois estará ali, me vendo e ouvindo e então, não terei mais medo...
=(
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quinta-feira, 1 de abril de 2010
Vai por mim
Estávamos em 10 mulheres, solteiras, em um restaurante de culinária japonesa. Aquele falatório sem fim e entre “me passa o shoyo”, começamos trocar nossos causos. Uma delas contou que, ao passar as férias em uma cidade do interior, descobriu que estava sendo paquerada por nada mais, nada menos que o bom partido de lá. Descreveu o moço com riqueza de detalhes: negro chocolate, dentes como teclas de piano, cabeça reluzente, dorso musculoso, alto, mãos maravilhosas, perto dos 30 anos e um carrão. Saíram, conversaram e foram pros finalmente.
Findo o rala e rola, ela acendeu um cigarro.
Ele a alertou. “Cigarro estraga os dentes.”
Ela sorriu para ele. Ele advertiu novamente. “Cigarro estraga os dentes.”
Ela, placidamente continuou sorrindo. Ele, insistentemente e falando mais pausadamente, repetiu “Ci-gar-ro es-tra-ga os den-tes, vai por mim!
“Ah...quê! Com esses dentes lindos diz vai por mim?”
“É, vai por mim: o cigarro estragou TODOS os meus dentes!”
Foi então que caiu a sua ficha.
;-D
Findo o rala e rola, ela acendeu um cigarro.
Ele a alertou. “Cigarro estraga os dentes.”
Ela sorriu para ele. Ele advertiu novamente. “Cigarro estraga os dentes.”
Ela, placidamente continuou sorrindo. Ele, insistentemente e falando mais pausadamente, repetiu “Ci-gar-ro es-tra-ga os den-tes, vai por mim!
“Ah...quê! Com esses dentes lindos diz vai por mim?”
“É, vai por mim: o cigarro estragou TODOS os meus dentes!”
Foi então que caiu a sua ficha.
;-D
Casamento
Aos oito dias de um dezembro escaldante, meu irmãozinho resolveu casar, no peculiar horário das 12h. Já estiveram em um casamento ao meio dia? Não?! Porque não fazem parte da família Lang, oras!!
Acordamos às 5. O salão, para embelezar a mulherada, estava marcado às 6h. Éramos cinco mulheres para passar pela repaginação: a mãe do noivo, eu, minha irmãzinha, minha primogênita e a florista, minha caçula.
Como em qualquer preparativo para um casamento, passamos o dia anterior comprando os últimos acessórios, numa correria tresloucada, andando de um lado a outro, no forno que se tornou a cidade de são Paulo, impermeabilizada por concreto e asfalto. Dormi como pedra, na ansiedade da data festiva e esperada – afinal ninguém acreditava que ele casaria um dia!
Paramos na porta, com os olhos inchados, descabeladas e sonolentas.
- Putz! E não é que o salão ainda está fechado? Resmunguei.
Aiquejáfiqueidepéssimohumor, pois detesto essa falta de pontualidade e irresponsabilidade da maioria do povo brasileiro. Sou praticamente uma britânica quando o assunto é horário – não gosto e não deixo ninguém esperando!
Assim que a única cabeleireira apareceu – combinamos duas profissionais para a façanha da funilaria completa -, entramos. A logística da coisa seria a mãe do noivo entrar no maçarico primeiro, seguida pela florista, eu, minha primogênita e a irmãzinha.
As horas iam passando, só uma profissional atendendo, o relógio batendo próximo das 11h, e a florista ainda no final do penteado. Resumo: nós fizemos o que o tempo permitiu no cabelo. Eu queria tanto uns cachos largos...
Meu pai, estressadíssimo, passou no salão e carregou minha mãe e a Becca para o casamento. Detalhe importante: eu sequer sabia onde seria o evento, pois não havia recebido o convite, mas é só um detalhe, concordam?.
Para ir no meu carro, sem ar condicionado, conhecido como pé de boi, sobrou meu sobrinho, a Kath, a Babi e eu.
Quando a Babi ficou pronta, já passava das 11h50. Corremos ajudá-la a se vestir e nos enfiamos no carro. Liguei para o meu pai e ele recomendou que eu fosse pela marginal do Tietê. Aí morou o perigo...
Mulher e senso de direção não combinam, portanto, escolhi um lado da marginal e caí no trânsito. Lei de Murphy! Relógio bateu 12h10.
Liguei novamente.
- Pai...
- Onde você está?
- Na marginal!!
- Em que altura da marginal?
Tentando achar algo que pudesse dizer onde me localizava, respondi: - Sei lá, pai...tô na marginal...peraí...acho que estou vendo o Playcenter! É, é o Playcenter! Toda feliz por ter me achado!
- Você está do lado errado da marginal, catso! Faz o retorno no primeiro viaduto e fica na via expressa da marginal...
As crianças, já acostumadas a se perderem comigo de carro por essa cidade de São Paulo, enorme e sem placas informativas para leigas como eu – e sem retornos, começaram a rir.
- Ê, mãe!! Vai se perder bem no dia do casamento do meu tio, é?? Comentou a Kaká.
E andamos...andamos...andamos... Meu pai ligou novamente.
- E agora, oncê tá?
- Ainda na marginal... ué, não falou pra eu ficar nela?!
- Tá, mas onde na marginal? Não tem nenhuma placa?
- Tem pai... já irritada!
- Então, quando você achar uma placa que tá escrito assim... Xiii, Marquinho...eu passava pela placa enquanto meu pai dava instruções!
- ...você entendeu onde terá que entrar?
- Mas pai, essa placa passou enquanto você falava e não deu pra entrar!
- Como ela passou e você não entrou? Você não tá na via expressa??
- Sei lá, pai! Eu tô na marginal...sei não onde é essa via expressa!!
Ele responde, iritadíssimo:
- A via expressa é a que corre ao lado da marginal (entre dentes)...se você não está nela, não vai conseguir pegar nenhuma saída, caraio!
Cagalhos!! Bateu um desespero, pois era quase uma hora da tarde!
De ligações em ligações, percebi meu pai falando mais baixo e escutei ao fundo a marcha nupcial! O casamento tinha começado. Deixei o celular no viva-voz e entre as ligações, escutávamos o padre brincando com os noivos, as risadas dos convidados e a voz do meu pai, irada!
Em sua vã tentativa de fazer com que eu saísse da marginal, acabou desligando o celular, não sem antes dizer pra eu me virar, já que estava atrapalhando o casamento e deixando ele mais nervoso.
No meio dessa confusão, as crianças reclamavam de fome, calor e queriam voltar pra casa. Minha maquiagem escorreu até o dedão do pé, o cabelo ensopou, meu sobrinho sem gravata e de camisa aberta, as meninas abanando com minhas revistas, um nó na minha garganta e mesmo que pretendesse voltar, continuaria perdida, pois não sabia onde estava. Finalmente uma alma boa me ligou e me explicou como chegar.
Nossa chegada foi triunfante! Todos os olhares se voltaram para nós. É certo que a maioria com reprovação, mas o que importava mesmo é que, finalmente, estávamos lá e ainda conseguimos ver a benção final do padre.
Fui substituída no altar, mas quem quer ser uma madrinha com a mesma história pra contar, né não?
Se não fosse por mim, o cara que contrataram para remover o áudio do meu pai me xingando no vídeo não teria trabalho, oras. Como ele pagaria as contas?
Fora esse pequenino incidente, o casamento foi divino e transcorreu na mais pura paz e harmonia, como são sempre os festejos casamenteiros.
Pena que só durou seis meses...
=D
Acordamos às 5. O salão, para embelezar a mulherada, estava marcado às 6h. Éramos cinco mulheres para passar pela repaginação: a mãe do noivo, eu, minha irmãzinha, minha primogênita e a florista, minha caçula.
Como em qualquer preparativo para um casamento, passamos o dia anterior comprando os últimos acessórios, numa correria tresloucada, andando de um lado a outro, no forno que se tornou a cidade de são Paulo, impermeabilizada por concreto e asfalto. Dormi como pedra, na ansiedade da data festiva e esperada – afinal ninguém acreditava que ele casaria um dia!
Paramos na porta, com os olhos inchados, descabeladas e sonolentas.
- Putz! E não é que o salão ainda está fechado? Resmunguei.
Aiquejáfiqueidepéssimohumor, pois detesto essa falta de pontualidade e irresponsabilidade da maioria do povo brasileiro. Sou praticamente uma britânica quando o assunto é horário – não gosto e não deixo ninguém esperando!
Assim que a única cabeleireira apareceu – combinamos duas profissionais para a façanha da funilaria completa -, entramos. A logística da coisa seria a mãe do noivo entrar no maçarico primeiro, seguida pela florista, eu, minha primogênita e a irmãzinha.
As horas iam passando, só uma profissional atendendo, o relógio batendo próximo das 11h, e a florista ainda no final do penteado. Resumo: nós fizemos o que o tempo permitiu no cabelo. Eu queria tanto uns cachos largos...
Meu pai, estressadíssimo, passou no salão e carregou minha mãe e a Becca para o casamento. Detalhe importante: eu sequer sabia onde seria o evento, pois não havia recebido o convite, mas é só um detalhe, concordam?.
Para ir no meu carro, sem ar condicionado, conhecido como pé de boi, sobrou meu sobrinho, a Kath, a Babi e eu.
Quando a Babi ficou pronta, já passava das 11h50. Corremos ajudá-la a se vestir e nos enfiamos no carro. Liguei para o meu pai e ele recomendou que eu fosse pela marginal do Tietê. Aí morou o perigo...
Mulher e senso de direção não combinam, portanto, escolhi um lado da marginal e caí no trânsito. Lei de Murphy! Relógio bateu 12h10.
Liguei novamente.
- Pai...
- Onde você está?
- Na marginal!!
- Em que altura da marginal?
Tentando achar algo que pudesse dizer onde me localizava, respondi: - Sei lá, pai...tô na marginal...peraí...acho que estou vendo o Playcenter! É, é o Playcenter! Toda feliz por ter me achado!
- Você está do lado errado da marginal, catso! Faz o retorno no primeiro viaduto e fica na via expressa da marginal...
As crianças, já acostumadas a se perderem comigo de carro por essa cidade de São Paulo, enorme e sem placas informativas para leigas como eu – e sem retornos, começaram a rir.
- Ê, mãe!! Vai se perder bem no dia do casamento do meu tio, é?? Comentou a Kaká.
E andamos...andamos...andamos... Meu pai ligou novamente.
- E agora, oncê tá?
- Ainda na marginal... ué, não falou pra eu ficar nela?!
- Tá, mas onde na marginal? Não tem nenhuma placa?
- Tem pai... já irritada!
- Então, quando você achar uma placa que tá escrito assim... Xiii, Marquinho...eu passava pela placa enquanto meu pai dava instruções!
- ...você entendeu onde terá que entrar?
- Mas pai, essa placa passou enquanto você falava e não deu pra entrar!
- Como ela passou e você não entrou? Você não tá na via expressa??
- Sei lá, pai! Eu tô na marginal...sei não onde é essa via expressa!!
Ele responde, iritadíssimo:
- A via expressa é a que corre ao lado da marginal (entre dentes)...se você não está nela, não vai conseguir pegar nenhuma saída, caraio!
Cagalhos!! Bateu um desespero, pois era quase uma hora da tarde!
De ligações em ligações, percebi meu pai falando mais baixo e escutei ao fundo a marcha nupcial! O casamento tinha começado. Deixei o celular no viva-voz e entre as ligações, escutávamos o padre brincando com os noivos, as risadas dos convidados e a voz do meu pai, irada!
Em sua vã tentativa de fazer com que eu saísse da marginal, acabou desligando o celular, não sem antes dizer pra eu me virar, já que estava atrapalhando o casamento e deixando ele mais nervoso.
No meio dessa confusão, as crianças reclamavam de fome, calor e queriam voltar pra casa. Minha maquiagem escorreu até o dedão do pé, o cabelo ensopou, meu sobrinho sem gravata e de camisa aberta, as meninas abanando com minhas revistas, um nó na minha garganta e mesmo que pretendesse voltar, continuaria perdida, pois não sabia onde estava. Finalmente uma alma boa me ligou e me explicou como chegar.
Nossa chegada foi triunfante! Todos os olhares se voltaram para nós. É certo que a maioria com reprovação, mas o que importava mesmo é que, finalmente, estávamos lá e ainda conseguimos ver a benção final do padre.
Fui substituída no altar, mas quem quer ser uma madrinha com a mesma história pra contar, né não?
Se não fosse por mim, o cara que contrataram para remover o áudio do meu pai me xingando no vídeo não teria trabalho, oras. Como ele pagaria as contas?
Fora esse pequenino incidente, o casamento foi divino e transcorreu na mais pura paz e harmonia, como são sempre os festejos casamenteiros.
Pena que só durou seis meses...
=D
Saúde
Outro dia estava deitada na cama, lendo meus e-mails e com o MSN aberto, quando me deu uma vontade louca de espirrar.
Atchim!, aliviada.
Subiu instantaneamente ao meu espirro uma janelinha de um msn, me desejando saúde.
Era minha filha, mostrando sua educação virtualmente.
Rebecca!, exclamei. Começamos a rir.
Ai, ai...vamos mesmo ter que nos acostumar - eu terei - com o mundo virtual.
Pra entrar na onda dela, me despedi com um beijo e um boa noite, de lá mesmo, é, do quarto ao lado, ali, a alguns segundos e quase centímetros de distância, vendo-a numa foto um pouco maior que a 3X4, em um quadrado cor de rosa - essa é a cor do meu messenger. Ela adorou!
Não passou disso e desse dia. Despedir-se para dormir, na minha casa, implica ainda no bom e velho beijo na bochecha seguido do boa noite.
Nada substituiu um beijo de bom dia e boa noite. Sentir o cheiro do sabonete e shampoo e vê-la de pijaminha é sensação que mesmo um Vaio jamais proporcionará...
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Atchim!, aliviada.
Subiu instantaneamente ao meu espirro uma janelinha de um msn, me desejando saúde.
Era minha filha, mostrando sua educação virtualmente.
Rebecca!, exclamei. Começamos a rir.
Ai, ai...vamos mesmo ter que nos acostumar - eu terei - com o mundo virtual.
Pra entrar na onda dela, me despedi com um beijo e um boa noite, de lá mesmo, é, do quarto ao lado, ali, a alguns segundos e quase centímetros de distância, vendo-a numa foto um pouco maior que a 3X4, em um quadrado cor de rosa - essa é a cor do meu messenger. Ela adorou!
Não passou disso e desse dia. Despedir-se para dormir, na minha casa, implica ainda no bom e velho beijo na bochecha seguido do boa noite.
Nada substituiu um beijo de bom dia e boa noite. Sentir o cheiro do sabonete e shampoo e vê-la de pijaminha é sensação que mesmo um Vaio jamais proporcionará...
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quinta-feira, 18 de março de 2010
Certo e Errado - pais extintos.
As pessoas perderam a noção do que é certo e errado. Totalmente Joselitos! É certo não roubar? Claro. É certo não matar? Também. É certo pagar pelos seus erros? Obviamente!
Não é isso o que acontece. Sei, vai dizer que desde que o mundo é mundo, assim caminha a humanidade, Raquel! Independentemente de sua argumentação, as pessoas que roubam, matam ou erram conscientemente, tem “pobrema”.
Vou falar/comentar/desabafar aqui sobre aquelas que perdem a oportunidade de mostrar aos filhos o que é certo, para deixar homens melhores nesse mundo cão.
Leia a situação abaixo e responda a pergunta, sucintamente.
Alguns alunos de um curso superior não concluíram o ano letivo em determinadas matérias, pré-requisito para freqüentar a próxima, devendo cumprir as dependências no próximo. Tal situação gerada por eles mesmos, os impedirá de graduar-se juntamente com a turma, colando grau somente em outro ano, se cumprido as pendências. Sabedores de quão desesperadas estão as universidades para manter seus alunos pagantes, chantageiam e ameaçam a direção com transferência para outra instituição, caso não haja maneira de freqüentar o ano letivo em questão, mesmo dependente. As matérias pendentes são laboratoriais, etapa imprescindível que os habilitará a atender pessoas no ano seguinte.
Pergunta:
Qual seria a atitude mais louvável dos pais ou dos alunos, frente a uma questão ética – o atendimento de pacientes sem conhecimento técnico prévio?
Pois é...
Cadê os pais que lavavam a boca de seus filhos com sabão, quando falavam palavrões? Ah, é verdade...hoje não podem mais fazer isso, pois são denunciados ao conselho tutelar. Também não existem mais pais que se envergonham dos filhos quando estes repetem o ano na escola, ao contrário, são os primeiros a bradarem em alto e bom som o quanto seus filhos são perseguidos pelos professores, aqueles carrascos que vira e mexe dão notas baixas, que não condizem com o Q.I de seu filho amado!
Estão em extinção os pais que acompanham a vida escolar do filho e, quando chamados para ter uma conversa com os coordenadores escolares, aceitam as sugestões. Hoje, os pais ameaçam professores e instituição, perdendo uma oportunidade única de mostrar à pessoa em formação moral que devemos arcar com as conseqüências de atos irresponsáveis, como não freqüentar as aulas ou não estudar. Taí. Fico imaginando, quando o chefe demitir um cidadão desse, o que ele fará? Certamente ligará para um dos pais, que irá ameaçar a empresa de, sei lá, discriminação, por exemplo...?
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Não é isso o que acontece. Sei, vai dizer que desde que o mundo é mundo, assim caminha a humanidade, Raquel! Independentemente de sua argumentação, as pessoas que roubam, matam ou erram conscientemente, tem “pobrema”.
Vou falar/comentar/desabafar aqui sobre aquelas que perdem a oportunidade de mostrar aos filhos o que é certo, para deixar homens melhores nesse mundo cão.
Leia a situação abaixo e responda a pergunta, sucintamente.
Alguns alunos de um curso superior não concluíram o ano letivo em determinadas matérias, pré-requisito para freqüentar a próxima, devendo cumprir as dependências no próximo. Tal situação gerada por eles mesmos, os impedirá de graduar-se juntamente com a turma, colando grau somente em outro ano, se cumprido as pendências. Sabedores de quão desesperadas estão as universidades para manter seus alunos pagantes, chantageiam e ameaçam a direção com transferência para outra instituição, caso não haja maneira de freqüentar o ano letivo em questão, mesmo dependente. As matérias pendentes são laboratoriais, etapa imprescindível que os habilitará a atender pessoas no ano seguinte.
Pergunta:
Qual seria a atitude mais louvável dos pais ou dos alunos, frente a uma questão ética – o atendimento de pacientes sem conhecimento técnico prévio?
Pois é...
Cadê os pais que lavavam a boca de seus filhos com sabão, quando falavam palavrões? Ah, é verdade...hoje não podem mais fazer isso, pois são denunciados ao conselho tutelar. Também não existem mais pais que se envergonham dos filhos quando estes repetem o ano na escola, ao contrário, são os primeiros a bradarem em alto e bom som o quanto seus filhos são perseguidos pelos professores, aqueles carrascos que vira e mexe dão notas baixas, que não condizem com o Q.I de seu filho amado!
Estão em extinção os pais que acompanham a vida escolar do filho e, quando chamados para ter uma conversa com os coordenadores escolares, aceitam as sugestões. Hoje, os pais ameaçam professores e instituição, perdendo uma oportunidade única de mostrar à pessoa em formação moral que devemos arcar com as conseqüências de atos irresponsáveis, como não freqüentar as aulas ou não estudar. Taí. Fico imaginando, quando o chefe demitir um cidadão desse, o que ele fará? Certamente ligará para um dos pais, que irá ameaçar a empresa de, sei lá, discriminação, por exemplo...?
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Acho pior que hipocrisia o prejulgamento e as suas conseqüências. Hum...pior não, na mesma categoria.
E de 5 anos pra cá experimentei esse aziúme, esse fel, destilado por nada mais nada menos pessoas que eu (pré)julgava me amarem.
É difícil não prejulgarmos. É inerente ao ser humano acusar para só depois verificar a autenticidade dos fatos. Lamentável. Causa terremotos na vida.
Tudo começou com meu finado marido – com ele experimentei pela primeira vez o azedume sabor do prejulgamento. As histórias inventadas por ele perduraram por anos.
Depois, com a vaca que eu colidi uns meses atrás. Como provar que as avarias na lataria do seu carro não foram causadas por mim? Ao menos, não tudo que ela insistia em dizer. Perdi. Não paguei, por birra. Caiu no meu esquecimento. Causou o bloqueio das minhas contas, uma delas conta-salário, devidamente indeferida pelo juiz, que alegou haver “movimentação bancária”. Alguém já viu um assalariado só olhar pingar seu soldo no banco, sem usar o dinheiro? Você vai ao caixa eletrônico, passa o cartão, confere se o empregador depositou o valor devido por seus dias trabalhados, fecha o programa e vem embora, feliz da vida por ter seu salário protegido de gastos, guardadinho, na instituição bancária! Faz favor!!
Teve ainda a compra de um cão e a devolução do meu sobrinho.
Recentemente, as DP’s dos alunos.
Nesses episódios, nas tentativas fracas, admito, das minhas defesas, desisti. Houve até falta de defesa. Não para esperar o tempo mostrar quem está certo ou errado, mas por achar que, se pensam que você é ou seria capaz de tal atitude, sinal de que não o conhecem suficientemente, apesar da convivência diária. Foram capazes de julgar sua moral apenas com argumentos de, pasmem, pessoas que haviam mostrado a índole nos primeiros contatos.
Tenho admiração por esse tipo de pessoa. Chamados 171. E não estou prejulgando. Têm a minha admiração por uma capacidade que falta em mim: do convencimento. Eu sou incapaz de convencer qualquer um com argumentação mentirosa e fantasiosa. Sou péssima vendedora e morreria de fome se essa fosse minha profissão. Sou conhecida por minha clareza e axioma. Não sei direcionar uma conversa para minha perspectiva. Falo o que é, sem rodeios ou floreios. Se for preciso, calo, para não ofender ou me arrepender depois. Mas não sei distorcer. É isso que fazem as pessoas que tentam sempre a vantagem, seja qual for. Distorcem fatos. Inventam. Envolvem pela dramaticidade, pela trama, atuam como vitimas. Conseguem o que querem. Mas há um lado bom no prejulgamento. Fortifica.
Beijinhos.
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E de 5 anos pra cá experimentei esse aziúme, esse fel, destilado por nada mais nada menos pessoas que eu (pré)julgava me amarem.
É difícil não prejulgarmos. É inerente ao ser humano acusar para só depois verificar a autenticidade dos fatos. Lamentável. Causa terremotos na vida.
Tudo começou com meu finado marido – com ele experimentei pela primeira vez o azedume sabor do prejulgamento. As histórias inventadas por ele perduraram por anos.
Depois, com a vaca que eu colidi uns meses atrás. Como provar que as avarias na lataria do seu carro não foram causadas por mim? Ao menos, não tudo que ela insistia em dizer. Perdi. Não paguei, por birra. Caiu no meu esquecimento. Causou o bloqueio das minhas contas, uma delas conta-salário, devidamente indeferida pelo juiz, que alegou haver “movimentação bancária”. Alguém já viu um assalariado só olhar pingar seu soldo no banco, sem usar o dinheiro? Você vai ao caixa eletrônico, passa o cartão, confere se o empregador depositou o valor devido por seus dias trabalhados, fecha o programa e vem embora, feliz da vida por ter seu salário protegido de gastos, guardadinho, na instituição bancária! Faz favor!!
Teve ainda a compra de um cão e a devolução do meu sobrinho.
Recentemente, as DP’s dos alunos.
Nesses episódios, nas tentativas fracas, admito, das minhas defesas, desisti. Houve até falta de defesa. Não para esperar o tempo mostrar quem está certo ou errado, mas por achar que, se pensam que você é ou seria capaz de tal atitude, sinal de que não o conhecem suficientemente, apesar da convivência diária. Foram capazes de julgar sua moral apenas com argumentos de, pasmem, pessoas que haviam mostrado a índole nos primeiros contatos.
Tenho admiração por esse tipo de pessoa. Chamados 171. E não estou prejulgando. Têm a minha admiração por uma capacidade que falta em mim: do convencimento. Eu sou incapaz de convencer qualquer um com argumentação mentirosa e fantasiosa. Sou péssima vendedora e morreria de fome se essa fosse minha profissão. Sou conhecida por minha clareza e axioma. Não sei direcionar uma conversa para minha perspectiva. Falo o que é, sem rodeios ou floreios. Se for preciso, calo, para não ofender ou me arrepender depois. Mas não sei distorcer. É isso que fazem as pessoas que tentam sempre a vantagem, seja qual for. Distorcem fatos. Inventam. Envolvem pela dramaticidade, pela trama, atuam como vitimas. Conseguem o que querem. Mas há um lado bom no prejulgamento. Fortifica.
Beijinhos.
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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
A Manga
Essa não é uma passagem minha. Resolvi colocar umas histórias engraçadas e diferentes que as amigas passam no cotidiano.
“Tava em um restaurante por quilo, fazendo meu prato, quando entrou um homem lindo, bem vestido, cheiroso, que parou ao meu lado pra fazer o seu.
Eu tava usando um casaco lindo, cheio de pelinhos. Ainda bem que aquele dia estava arrumada!
Enquanto pegava a comida, o homem ficava me olhando... Arroz, olhada. Carne, olhada. Batatinha, olhada. Eu já toda empolgada - oba! O cara tá me paquerando! Uhu! Feijão, olhada. Eu me empolgando mais e mais... toda sorrisos pra ele, dava uma olhadinha de lado, fazendo caras e bocas quando de repente ele diz:
- Sua manga está na comida!
Senti como se alguém batesse um gongo na minha orelha! Tóimmmm...
Sem graça, puxei a manga do casaco pra cima e agradeci o aviso.
Fui sentar lá no canto do restaurante, com cara de coxinha. Tava me achando A poderosa e o cara tava só olhando pra mim porque minha manga entrava na comida."
É, mulherada...nem sempre um homem olhando é sinal de que está paquerando. Ele pode querer te avisar que cê tem umneguinho melanoderma na arquibancada, rsrsr.
Beijos
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“Tava em um restaurante por quilo, fazendo meu prato, quando entrou um homem lindo, bem vestido, cheiroso, que parou ao meu lado pra fazer o seu.
Eu tava usando um casaco lindo, cheio de pelinhos. Ainda bem que aquele dia estava arrumada!
Enquanto pegava a comida, o homem ficava me olhando... Arroz, olhada. Carne, olhada. Batatinha, olhada. Eu já toda empolgada - oba! O cara tá me paquerando! Uhu! Feijão, olhada. Eu me empolgando mais e mais... toda sorrisos pra ele, dava uma olhadinha de lado, fazendo caras e bocas quando de repente ele diz:
- Sua manga está na comida!
Senti como se alguém batesse um gongo na minha orelha! Tóimmmm...
Sem graça, puxei a manga do casaco pra cima e agradeci o aviso.
Fui sentar lá no canto do restaurante, com cara de coxinha. Tava me achando A poderosa e o cara tava só olhando pra mim porque minha manga entrava na comida."
É, mulherada...nem sempre um homem olhando é sinal de que está paquerando. Ele pode querer te avisar que cê tem um
Beijos
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Imported
Xii...tenho mais um encontro. Dessa vez internacional. Postei antes pois achei curioso o aviso do meu cupido: ‘Sabe como os estrangeiros são...acham que todas as brasileiras são vagabundas, então, se o cara falar qualquer grosseria pra você, larga ele lá e me liga que eu busco o cara e ainda xingo ele!!’
Ante esse alerta, avisei que não sairia com o cidadão imported, pois acabei de me atracar com um bandidinho e meus nelvos não estão lá onde deveriam estar...
Dá pra imaginar uma prévia desse encontro, né? Raquel mandando pra ponte que partiu o francês e largando o cara, que não conhece nada daqui, na mesa, com cara de hã?!.
Vendo por outro lado, se isso acontecer, não passarei pela fase “empurra a conta pro meu lado”, né não? =D
Enfim, só postarei aqui o encontro, se algo diferente acontecer.
=]
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Ante esse alerta, avisei que não sairia com o cidadão imported, pois acabei de me atracar com um bandidinho e meus nelvos não estão lá onde deveriam estar...
Dá pra imaginar uma prévia desse encontro, né? Raquel mandando pra ponte que partiu o francês e largando o cara, que não conhece nada daqui, na mesa, com cara de hã?!.
Vendo por outro lado, se isso acontecer, não passarei pela fase “empurra a conta pro meu lado”, né não? =D
Enfim, só postarei aqui o encontro, se algo diferente acontecer.
=]
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sábado, 20 de fevereiro de 2010
ASSALTO E LEMBRANÇAS
Ontem fui assaltada. Com minha bolsa foi minha vida.
Só as mulheres hão de entender a expressão “vida”, quando nos referimos às bolsas e seu conteúdo, pois os homens jamais serão capazes dessa façanha. E não ousaria pedir que o fossem...são demasiadamente limitados para essa sutileza da alma feminina.
Carregamos lembranças, além dos documentos: o batom francês que a paciente trouxe de presente, o perfume que a amiga disse ser divino, as mensagens salvas no celular de pessoas importantes, os bilhetes recebidos de amigos, bombom de admirador, carteirinha de clube de quando criança, bilhetes dos filhos, cartão de visita de amigos, médicos, advogados, inclusive do pessoal que retira seu lixo todo dia, fotos dos filhos, de várias épocas, para mostrar aos amigos e receber elogios do quanto são bonitos e parecem com você, chaveiro que ganhou como lembrança de uma viagem da amiga à Europa, prendedores de cabelos comprados em uma cidadezinha pitoresca, que te remota a tudo que passou lá, comprimidos que te salvam em momentos únicos e que precisará de uma nova consulta para nova prescrição, escova de dente que sua filha escolheu a cor do cabo, o espelho que emprestou para a amiga se ajeitar no dia em que conheceu um gato, a fita métrica usada para medir seu quadril naqueles dias e constatar que é uma obesa mesmo, enfim, levam sua vida pois cada pequeno objeto lá dentro, apesar de parecer inútil, tem uma história. Cada vez que ia abrir a porta de casa, olhava o chaveiro e lembrava de quem me presenteara e, não raro, ligava para saber como ia indo. Em ocasiões em que precisava mostrar o RG, vinha à mente a razão de ele ter uma foto colada por mim e plastificada com contact, quando precisei abrir a primeira conta bancária, após ele ter sido lavado e centrifugado, pois ainda era menina que não usava bolsa – nesse momento a mente voava para um passado quase longínquo, onde a responsabilidade era só estudar.
Havia muita recordação naquela bolsa.
É por esse e outros motivos que o sentimento de raiva e rancor perdura até hoje e acho que não passará por um bom tempo.
Além de perder a minha vida, fiquei toda marcada nos braços ao reagir ao assalto e, num ato desesperado, disputar a “guarda” da minha bolsa linda, de couro marrom, enorme e chiquérrima. Com um instrumento de ferro pontiagudo, me golpeou e arranhou meus braços, puxando meus longos cabelos e tentando golpear minha boca. Perdi a batalha e a guerra. Saí marcada, derrotada, humilhada e arrasada moralmente. Percorri as ruas no entorno, com policiais atenciosos, dentro do camburão, para em vã tentativa, achar ao menos os documentos jogados no asfalto. Mas queria mesmo era tudo de volta. Não pelos valores financeiros, mas pelos sentimentais. Amava abrir a bolsa e vasculhar carteiras e bolsinhas, recordando as ocasiões onde foram adquiridas ou recebidas como presentes. O momento dos objetos nunca mais voltará. Os documentos serão novos, com fotos recentes e, ao olhá-los, só recordarei o motivo pelo qual precisei tê-los: o dia em que um drogado, melanoderma e magricela me agrediu.
Não esperava ter esse tipo de recordação com coisas que levarei na bolsa. E mesmo que compre bolsa nova, nécessaire, batons, rimeis e tudo que mais havia lá, será sempre impessoal e a única história que contarão é do assalto.
=[
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Só as mulheres hão de entender a expressão “vida”, quando nos referimos às bolsas e seu conteúdo, pois os homens jamais serão capazes dessa façanha. E não ousaria pedir que o fossem...são demasiadamente limitados para essa sutileza da alma feminina.
Carregamos lembranças, além dos documentos: o batom francês que a paciente trouxe de presente, o perfume que a amiga disse ser divino, as mensagens salvas no celular de pessoas importantes, os bilhetes recebidos de amigos, bombom de admirador, carteirinha de clube de quando criança, bilhetes dos filhos, cartão de visita de amigos, médicos, advogados, inclusive do pessoal que retira seu lixo todo dia, fotos dos filhos, de várias épocas, para mostrar aos amigos e receber elogios do quanto são bonitos e parecem com você, chaveiro que ganhou como lembrança de uma viagem da amiga à Europa, prendedores de cabelos comprados em uma cidadezinha pitoresca, que te remota a tudo que passou lá, comprimidos que te salvam em momentos únicos e que precisará de uma nova consulta para nova prescrição, escova de dente que sua filha escolheu a cor do cabo, o espelho que emprestou para a amiga se ajeitar no dia em que conheceu um gato, a fita métrica usada para medir seu quadril naqueles dias e constatar que é uma obesa mesmo, enfim, levam sua vida pois cada pequeno objeto lá dentro, apesar de parecer inútil, tem uma história. Cada vez que ia abrir a porta de casa, olhava o chaveiro e lembrava de quem me presenteara e, não raro, ligava para saber como ia indo. Em ocasiões em que precisava mostrar o RG, vinha à mente a razão de ele ter uma foto colada por mim e plastificada com contact, quando precisei abrir a primeira conta bancária, após ele ter sido lavado e centrifugado, pois ainda era menina que não usava bolsa – nesse momento a mente voava para um passado quase longínquo, onde a responsabilidade era só estudar.
Havia muita recordação naquela bolsa.
É por esse e outros motivos que o sentimento de raiva e rancor perdura até hoje e acho que não passará por um bom tempo.
Além de perder a minha vida, fiquei toda marcada nos braços ao reagir ao assalto e, num ato desesperado, disputar a “guarda” da minha bolsa linda, de couro marrom, enorme e chiquérrima. Com um instrumento de ferro pontiagudo, me golpeou e arranhou meus braços, puxando meus longos cabelos e tentando golpear minha boca. Perdi a batalha e a guerra. Saí marcada, derrotada, humilhada e arrasada moralmente. Percorri as ruas no entorno, com policiais atenciosos, dentro do camburão, para em vã tentativa, achar ao menos os documentos jogados no asfalto. Mas queria mesmo era tudo de volta. Não pelos valores financeiros, mas pelos sentimentais. Amava abrir a bolsa e vasculhar carteiras e bolsinhas, recordando as ocasiões onde foram adquiridas ou recebidas como presentes. O momento dos objetos nunca mais voltará. Os documentos serão novos, com fotos recentes e, ao olhá-los, só recordarei o motivo pelo qual precisei tê-los: o dia em que um drogado, melanoderma e magricela me agrediu.
Não esperava ter esse tipo de recordação com coisas que levarei na bolsa. E mesmo que compre bolsa nova, nécessaire, batons, rimeis e tudo que mais havia lá, será sempre impessoal e a única história que contarão é do assalto.
=[
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
O Totoquinha.
Estávamos eu e uma amiga, sexta, dia dos namorados, véspera de meu aniversário, em um barzinho badalado. Bebericávamos, beliscávamos e conversávamos, animadamente, quando um homem puxou assunto comigo. Preparador físico de goleiros em um time famoso, louro, dourado pelo sol, olhos verdes, alto, com seus 35 anos, mais ou menos, com os músculos à mostra e recém separado. Minha amiga, em um gesto da mais pura cumplicidade feminina, afastou-se para que pudéssemos interagir.
Conversa vai, conversa vem, comentei que tínhamos o mesmo patrão, já que trabalho na universidade cujo filho do chanceler era o presidente do time em questão, inclusive dizendo o dia que ministrava as aulas.
O relógio bateu meia-noite e ele disse-me que precisava ir descansar pois teria jogo no dia seguinte em outra cidade, devendo partir em poucas horas. Perguntou-me se iria embora, recebeu uma negativa, afinal, estava como carona. Tascou-me um beijo na boca e, antes de ir, soltou essa:
- Quando namorarmos, e eu jogar logo cedo, não ficará aqui. Te deixarei em casa, viu, amor?
Achei engraçadinha a preocupação. Anotei o número do seu telefone celular e fiquei de ligar. Não liguei.
Nos reencontramos no mesmo lugar. Conversamos um pouco e novamente ele precisava ir embora. Dessa vez dei o número do telefone. E me arrependi...
No dia seguinte, acordei e tinha umas 1765 ligações não atendidas no meu celular e mais 2.500 no Nextel. Domingo. Achando que algo ruim ocorreu com algum paciente, pois era um número que não estava na minha agenda, liguei imediatamente. Era o Totoquinha que havia ligado desesperadamente. Recebi uma bronca, leve, por não atendê-lo. Com educação e firmeza na voz, disse-lhe que era um absurdo o comportamento dele, afinal, havíamos conversado, em dois dias, umas quatro horas, no máximo, portanto, não tinha a menor obrigação em relação a ele – ou nós!
Domingão, noite, frio, chuva, banho tomado e pijama, jogada no sofá, pronta pra dormir e esperando o sono chegar, por volta das 23h, meu celular toca. Quem era? Totoca! Céus! Isso era hora?! Atendo ou não?
- Alô!
- Oi, amor...voz melosa. Eu, pra me fazer de desentendida, perguntei quem era.
- Já me esqueceu? Sou eu...
- Ah...é você...oi... com desdém.
- Adivinha onde tô?
- Não faço a menor idéia – e sequer quereria saber...
- Aqui, na porta do seu prédio! felicíssimo...!
- No meu prédio?! NO ME-U PRÉ-DI-O??! Como soube onde moro?
- Ué, você! Disse que morava nessa cidade e eu conheço tudo aqui...achei sua casa...Desce, quero te vê!
- Tá louco?! Estou de pijama e com minhas filhas. tresloucada de ódio!
- Que linda...deixa eu ti ver de pijama, vá! Vem, tô com saudade!Desce...
- Não dá. Vou dormir e minhas filhas estão aqui. Devia ter avisado que estava vindo, pouparia sua viagem...agora, perdendo completamente minhas faculdades mentais!
- Desce amor! Vá...é rapidinho...só ti vê!
- Olha, você está confundindo tudo...
- Tô nada...cê vai vê quando formos namorados...vô ti vê todos os dias! Você é a mulher da minha vida... num tom de voz que só na cachola doente dele achava romântico! Se não descer, vou fazer uma serenata aqui pra ti...
- Catso! Cê num é loco! Eu chamo a polícia!
- Então desce, vá...
Desci, de pijama, chinelo e espumando de raiva. Parei no portão e disse em alto e bom tom que, se não sumisse dali, ia chamar a polícia mesmo, que era um absurdo ele aparecer assim e que estava me constrangendo (na realidade, me deixando com medo...). Dei meia volta e entrei. Ainda escutei ele resmungar qualquer coisa como “ficava ainda mais linda brava...”
Ao abrir a porta da sala, escutei o celular tocando e vi seu nome no visor. Não atendi e desliguei os aparelhos. Mal consegui dormir.
Na manhã seguinte, liguei os telefones e chegaram vários avisos de ligações perdidas, todas do Totoco!, Que cara persistente!!
No meio da manhã o meu telefone começou a tocar até o último ring, seguido pelo toque do outro, ou seja, quando um parava de tocar, começava o outro...
Fiquei irritadíssima, mas não atendi ou retornei. Mas precisei colocar no silencioso, tamanha insistência. O telefone “bombou”, diriam os adolescentes. Ligou várias vezes por dia, o dia todo, até eu desligar tudo novamente.
Em casa, abri meu Orkut e me deparei com um pedido de adição de amigo, em nome dele. Como ele não fazia parte dessa rede, pediu que seu primo me adicionasse. Nesse meio tempo, busquei informações com uma amiga, que disse conhecê-lo, bem como sua família. Assegurou que era boa gente. Adicionei, para poder ver quem era o primo e saber um pouco mais sobre ele e a família.
No dia seguinte...
Fui dar aula. Ele continuou ligando, mandando torpedos, com a mesma ladainha de que eu era a mulher da vida dele, que estava apaixonado e se eu acreditava em amor à primeira vista. Fim do dia, estava tomando um café com meus colegas de profissão na cantina da faculdade, quando vejo o Totoquinha andando pelo pátio, em minha direção. Nunca, em anos freqüentando a faculdade, eu apareci com um homem, mesmo sendo meu marido – atual ex. Sou a única mulher da equipe e, ainda que num vislumbre, sabia que seria alvo de chacota por parte de meus colegas, durante o resto do ano, se aparecesse ao seu lado. Me despedi, correndo da turma e fui, ligeira, em sua direção.
- O que faz aqui?! Interpelei.
- Vim ti vê! – sorrindo...
- Quem disse que eu queria? Olha aqui, moço...isto está ficando irritante!! Você não pode vir no meu trabalho, sem avisar e..
- Eu tento, mas você não me atende, então resolvi fazer uma surpresa!
- E foi mesmo, bem desagradável!
- Credo, amor... magoado! – Só queria tomar um café com você. Foi bem difícil pra mim estacionar aqui...vamo lá. A gente toma um café, bate um papinho...
Cacete. Levei o mala pra bem longe dos olhos do povo da faculdade, antes que o maluco fizesse algo que me embaraçasse mais.
Fui embora com o telefone tocando e mensagens chegando. Abrindo meu Orkut a noite, tinha recado do joselito, dizendo que estava com saudade de uma maneira íntima, como se fôssemos ou tivéssemos algo. Nesse meio tempo, ele foi viajar a trabalho e deixava trocentos recados por dia no meu Orkut, 700 ligações e dois mil torpedos.
Enquanto atendia uma amiga, acabei comentando sobre os episódios e, antes que acabasse, ela perguntou se o protagonista não era Beltrano. Pois é. Tcharã!! O Totoca estava fazendo a mesma coisa com ela. Leu um recadinho dela no meu Orkut e, conhecendo-a dos idos dos bancos escolares, acabou por entrar em contato e a moça, iludida por sua boa aparência, passou o número do telefone. Ambas recebíamos inúmeros torpedos e ligações, a qualquer hora do dia, com a mesma conversinha fiada e o mesmo conteúdo do torpedo! – já havia passado por isso antes, bem antes... “Somos almas gêmeas...amor à primeira vista...mulher da vida dele...”e por aí ia...
Não atendia mais suas ligações.
Eis que, num belo dia no consultório, saio da minha sala para falar com a secretária e dou de cara com ele sentado na recepção! Valha-me Deus!! O guri achou meu consultório! Levantou-se ao me ver, com uma abertura de boca inigualável, arreganhando os dentes brancos e pontiagudos, com olhos brilhantes como uma pedra turquesa, num cinismo intragável. Disse que veio me ver, onde, com a feição mais carrancuda do mundo, respondi que ia atender o dia todo e que era melhor voltar outro momento. Falou que esperaria. Droga! Deixei-o mofando por horas e cada vez que a secretária entrava para anunciar outro paciente, eu acenava com a cabeça, em tom de pergunta e ela acenava afirmativamente, de volta. Não precisávamos falar nada.
Já que ele não ia embora, pedi que entrasse na minha sala, sentando num canto e deixando ele em pé, no extremo oposto.
- Fala. Que te trouxe aqui? Grosseiramente.
Num blá, blá, blá sem proporção, disse-me as mentiras que eu já ouvira antes. Mesmo tendo deixado claro em outras ocasiões, resolvi desenhar pra ver se ele entendia. Loiro, sabem como é... Enfatizei que nunca tive a pretensão de nada e que as investidas dele me incomodavam e constrangiam. Não sei se era ingenuidade, idiotice ou hipocrisia, mas perguntou, no final da minha aula de desenho, se eu não gostava ao menos um pouquinho dele. Grunhindo, disse que não e pedi que fosse embora. Pediu um abraço, pra ficarmos amigos...cáspita! É Totoquinho mesmo...
Assim que ele fechou a porta, chamei minha amiga no rádio. Ela atendeu gargalhando e disse:
- Calça preta, camisa manga longa estampadinha, sapato e cinto pretos!!
Gargalhamso juntas, até chorar! Era uma figura mesmo. Acabara de sair do escritório dela e, sem sucesso, veio bater na minha porta. Só um cara sem noção de nada para achar que poderia enganar as duas ao mesmo tempo!
Resultado? Menos de um mês depois, ele estampava uma aliança de compromisso em uma moça que caiu em seu conto.
Nos fez pensar em como há homens - mulheres também -, que no auge da insegurança e não conseguindo ficar sozinhos com eles mesmos, se agarram ao primeiro que aparece pela frente, como náufragos, demonstrando que trocam de amores como quem troca de roupas - ou no instante em que alguém deixa de ser novidade, perdem o interesse em alguns meses e, para massagear o superego, recomeçam o ciclo...
Como sempre digo...só comigo mesmo...!! =D
Estávamos eu e uma amiga, sexta, dia dos namorados, véspera de meu aniversário, em um barzinho badalado. Bebericávamos, beliscávamos e conversávamos, animadamente, quando um homem puxou assunto comigo. Preparador físico de goleiros em um time famoso, louro, dourado pelo sol, olhos verdes, alto, com seus 35 anos, mais ou menos, com os músculos à mostra e recém separado. Minha amiga, em um gesto da mais pura cumplicidade feminina, afastou-se para que pudéssemos interagir.
Conversa vai, conversa vem, comentei que tínhamos o mesmo patrão, já que trabalho na universidade cujo filho do chanceler era o presidente do time em questão, inclusive dizendo o dia que ministrava as aulas.
O relógio bateu meia-noite e ele disse-me que precisava ir descansar pois teria jogo no dia seguinte em outra cidade, devendo partir em poucas horas. Perguntou-me se iria embora, recebeu uma negativa, afinal, estava como carona. Tascou-me um beijo na boca e, antes de ir, soltou essa:
- Quando namorarmos, e eu jogar logo cedo, não ficará aqui. Te deixarei em casa, viu, amor?
Achei engraçadinha a preocupação. Anotei o número do seu telefone celular e fiquei de ligar. Não liguei.
Nos reencontramos no mesmo lugar. Conversamos um pouco e novamente ele precisava ir embora. Dessa vez dei o número do telefone. E me arrependi...
No dia seguinte, acordei e tinha umas 1765 ligações não atendidas no meu celular e mais 2.500 no Nextel. Domingo. Achando que algo ruim ocorreu com algum paciente, pois era um número que não estava na minha agenda, liguei imediatamente. Era o Totoquinha que havia ligado desesperadamente. Recebi uma bronca, leve, por não atendê-lo. Com educação e firmeza na voz, disse-lhe que era um absurdo o comportamento dele, afinal, havíamos conversado, em dois dias, umas quatro horas, no máximo, portanto, não tinha a menor obrigação em relação a ele – ou nós!
Domingão, noite, frio, chuva, banho tomado e pijama, jogada no sofá, pronta pra dormir e esperando o sono chegar, por volta das 23h, meu celular toca. Quem era? Totoca! Céus! Isso era hora?! Atendo ou não?
- Alô!
- Oi, amor...voz melosa. Eu, pra me fazer de desentendida, perguntei quem era.
- Já me esqueceu? Sou eu...
- Ah...é você...oi... com desdém.
- Adivinha onde tô?
- Não faço a menor idéia – e sequer quereria saber...
- Aqui, na porta do seu prédio! felicíssimo...!
- No meu prédio?! NO ME-U PRÉ-DI-O??! Como soube onde moro?
- Ué, você! Disse que morava nessa cidade e eu conheço tudo aqui...achei sua casa...Desce, quero te vê!
- Tá louco?! Estou de pijama e com minhas filhas. tresloucada de ódio!
- Que linda...deixa eu ti ver de pijama, vá! Vem, tô com saudade!Desce...
- Não dá. Vou dormir e minhas filhas estão aqui. Devia ter avisado que estava vindo, pouparia sua viagem...agora, perdendo completamente minhas faculdades mentais!
- Desce amor! Vá...é rapidinho...só ti vê!
- Olha, você está confundindo tudo...
- Tô nada...cê vai vê quando formos namorados...vô ti vê todos os dias! Você é a mulher da minha vida... num tom de voz que só na cachola doente dele achava romântico! Se não descer, vou fazer uma serenata aqui pra ti...
- Catso! Cê num é loco! Eu chamo a polícia!
- Então desce, vá...
Desci, de pijama, chinelo e espumando de raiva. Parei no portão e disse em alto e bom tom que, se não sumisse dali, ia chamar a polícia mesmo, que era um absurdo ele aparecer assim e que estava me constrangendo (na realidade, me deixando com medo...). Dei meia volta e entrei. Ainda escutei ele resmungar qualquer coisa como “ficava ainda mais linda brava...”
Ao abrir a porta da sala, escutei o celular tocando e vi seu nome no visor. Não atendi e desliguei os aparelhos. Mal consegui dormir.
Na manhã seguinte, liguei os telefones e chegaram vários avisos de ligações perdidas, todas do Totoco!, Que cara persistente!!
No meio da manhã o meu telefone começou a tocar até o último ring, seguido pelo toque do outro, ou seja, quando um parava de tocar, começava o outro...
Fiquei irritadíssima, mas não atendi ou retornei. Mas precisei colocar no silencioso, tamanha insistência. O telefone “bombou”, diriam os adolescentes. Ligou várias vezes por dia, o dia todo, até eu desligar tudo novamente.
Em casa, abri meu Orkut e me deparei com um pedido de adição de amigo, em nome dele. Como ele não fazia parte dessa rede, pediu que seu primo me adicionasse. Nesse meio tempo, busquei informações com uma amiga, que disse conhecê-lo, bem como sua família. Assegurou que era boa gente. Adicionei, para poder ver quem era o primo e saber um pouco mais sobre ele e a família.
No dia seguinte...
Fui dar aula. Ele continuou ligando, mandando torpedos, com a mesma ladainha de que eu era a mulher da vida dele, que estava apaixonado e se eu acreditava em amor à primeira vista. Fim do dia, estava tomando um café com meus colegas de profissão na cantina da faculdade, quando vejo o Totoquinha andando pelo pátio, em minha direção. Nunca, em anos freqüentando a faculdade, eu apareci com um homem, mesmo sendo meu marido – atual ex. Sou a única mulher da equipe e, ainda que num vislumbre, sabia que seria alvo de chacota por parte de meus colegas, durante o resto do ano, se aparecesse ao seu lado. Me despedi, correndo da turma e fui, ligeira, em sua direção.
- O que faz aqui?! Interpelei.
- Vim ti vê! – sorrindo...
- Quem disse que eu queria? Olha aqui, moço...isto está ficando irritante!! Você não pode vir no meu trabalho, sem avisar e..
- Eu tento, mas você não me atende, então resolvi fazer uma surpresa!
- E foi mesmo, bem desagradável!
- Credo, amor... magoado! – Só queria tomar um café com você. Foi bem difícil pra mim estacionar aqui...vamo lá. A gente toma um café, bate um papinho...
Cacete. Levei o mala pra bem longe dos olhos do povo da faculdade, antes que o maluco fizesse algo que me embaraçasse mais.
Fui embora com o telefone tocando e mensagens chegando. Abrindo meu Orkut a noite, tinha recado do joselito, dizendo que estava com saudade de uma maneira íntima, como se fôssemos ou tivéssemos algo. Nesse meio tempo, ele foi viajar a trabalho e deixava trocentos recados por dia no meu Orkut, 700 ligações e dois mil torpedos.
Enquanto atendia uma amiga, acabei comentando sobre os episódios e, antes que acabasse, ela perguntou se o protagonista não era Beltrano. Pois é. Tcharã!! O Totoca estava fazendo a mesma coisa com ela. Leu um recadinho dela no meu Orkut e, conhecendo-a dos idos dos bancos escolares, acabou por entrar em contato e a moça, iludida por sua boa aparência, passou o número do telefone. Ambas recebíamos inúmeros torpedos e ligações, a qualquer hora do dia, com a mesma conversinha fiada e o mesmo conteúdo do torpedo! – já havia passado por isso antes, bem antes... “Somos almas gêmeas...amor à primeira vista...mulher da vida dele...”e por aí ia...
Não atendia mais suas ligações.
Eis que, num belo dia no consultório, saio da minha sala para falar com a secretária e dou de cara com ele sentado na recepção! Valha-me Deus!! O guri achou meu consultório! Levantou-se ao me ver, com uma abertura de boca inigualável, arreganhando os dentes brancos e pontiagudos, com olhos brilhantes como uma pedra turquesa, num cinismo intragável. Disse que veio me ver, onde, com a feição mais carrancuda do mundo, respondi que ia atender o dia todo e que era melhor voltar outro momento. Falou que esperaria. Droga! Deixei-o mofando por horas e cada vez que a secretária entrava para anunciar outro paciente, eu acenava com a cabeça, em tom de pergunta e ela acenava afirmativamente, de volta. Não precisávamos falar nada.
Já que ele não ia embora, pedi que entrasse na minha sala, sentando num canto e deixando ele em pé, no extremo oposto.
- Fala. Que te trouxe aqui? Grosseiramente.
Num blá, blá, blá sem proporção, disse-me as mentiras que eu já ouvira antes. Mesmo tendo deixado claro em outras ocasiões, resolvi desenhar pra ver se ele entendia. Loiro, sabem como é... Enfatizei que nunca tive a pretensão de nada e que as investidas dele me incomodavam e constrangiam. Não sei se era ingenuidade, idiotice ou hipocrisia, mas perguntou, no final da minha aula de desenho, se eu não gostava ao menos um pouquinho dele. Grunhindo, disse que não e pedi que fosse embora. Pediu um abraço, pra ficarmos amigos...cáspita! É Totoquinho mesmo...
Assim que ele fechou a porta, chamei minha amiga no rádio. Ela atendeu gargalhando e disse:
- Calça preta, camisa manga longa estampadinha, sapato e cinto pretos!!
Gargalhamso juntas, até chorar! Era uma figura mesmo. Acabara de sair do escritório dela e, sem sucesso, veio bater na minha porta. Só um cara sem noção de nada para achar que poderia enganar as duas ao mesmo tempo!
Resultado? Menos de um mês depois, ele estampava uma aliança de compromisso em uma moça que caiu em seu conto.
Nos fez pensar em como há homens - mulheres também -, que no auge da insegurança e não conseguindo ficar sozinhos com eles mesmos, se agarram ao primeiro que aparece pela frente, como náufragos, demonstrando que trocam de amores como quem troca de roupas - ou no instante em que alguém deixa de ser novidade, perdem o interesse em alguns meses e, para massagear o superego, recomeçam o ciclo...
Como sempre digo...só comigo mesmo...!! =D
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Caos e cacos.
Pretendia até trabalhar na semana de 24 de dezembro, mas o consultório parecia um mausoléu assombrado. A secretária pediu demissão. Um paciente quebrou o espelho. Outro, o tampo de vidro da minha mesa, na minha sala. A lâmpada do corredor despencou, como fruto maduro. Na onda do quebra-quebra geral, foi-se também a mesa de vidro na entrada da recepção. Tudo na mesma semana. Pronto. São sinais. Devo fechar e só voltar ano que vem. Espíritos brincalhões avisaram que as férias, mesmo forçadas, chegaram.
Então, vamos!
Retornei dia 4. Perdida. Abria as gavetas do carrinho uma a uma, procurando os medicamentos e instrumentais, como se fosse a primeira vez que atendia naquele consultório.
Nunca fiquei tão sem fazer nada na minha vida. Não fiz nada, nadinha, niente! Quando me ligavam e me perguntavam o que estava fazendo, dizia: mudando de sofá. Riam. Ninguém acreditou que fiz do ócio, completo e quase infinito, meu companheiro de 15 dias. Você?! Incrédulos, me questionavam. É. Euzinha. Eu mesma. Aquela que acorda cedo e não deixa mais ninguém dormir, pois é desperdiçar vida. Aquela mesma, que tem dor nas costas se passar mais de 6 horas deitada. Aquela que bate na porta do quarto, de 5 em 5 segundos, avisando que o horário do café está acabando. Aquela que fica sentada na mesa da sala olhando, através da janela, o dourado dos raios do sol entrando, com uma xícara de café puro, forte e sem açúcar. Essa mesma!
Quase tive escaras, nessa minha pseudo-férias. Meu corpo serviu de modelo, para a forma que se tornou meu sofá. Consigo distinguir todos meus membros nele. Um horror!
A inação foi completa. O que culminou com a saída do meu estado de inércia foi, ao sentir o estômago colabado nas minhas costelas de tanta fome, por volta das 4h, procurar algo pra beliscar e abalada, checar que no meu armário só tinha uma farofa pronta para churrasco. Resignada, abri o pacotinho, coloquei em um prato e comi - de colher, obviamente. Preciso mesmo sair e ir ao mercado, pensei. Melhor seria se ele viesse até mim...Veio? Não! Catso!
Maquébom..é!...
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Então, vamos!
Retornei dia 4. Perdida. Abria as gavetas do carrinho uma a uma, procurando os medicamentos e instrumentais, como se fosse a primeira vez que atendia naquele consultório.
Nunca fiquei tão sem fazer nada na minha vida. Não fiz nada, nadinha, niente! Quando me ligavam e me perguntavam o que estava fazendo, dizia: mudando de sofá. Riam. Ninguém acreditou que fiz do ócio, completo e quase infinito, meu companheiro de 15 dias. Você?! Incrédulos, me questionavam. É. Euzinha. Eu mesma. Aquela que acorda cedo e não deixa mais ninguém dormir, pois é desperdiçar vida. Aquela mesma, que tem dor nas costas se passar mais de 6 horas deitada. Aquela que bate na porta do quarto, de 5 em 5 segundos, avisando que o horário do café está acabando. Aquela que fica sentada na mesa da sala olhando, através da janela, o dourado dos raios do sol entrando, com uma xícara de café puro, forte e sem açúcar. Essa mesma!
Quase tive escaras, nessa minha pseudo-férias. Meu corpo serviu de modelo, para a forma que se tornou meu sofá. Consigo distinguir todos meus membros nele. Um horror!
A inação foi completa. O que culminou com a saída do meu estado de inércia foi, ao sentir o estômago colabado nas minhas costelas de tanta fome, por volta das 4h, procurar algo pra beliscar e abalada, checar que no meu armário só tinha uma farofa pronta para churrasco. Resignada, abri o pacotinho, coloquei em um prato e comi - de colher, obviamente. Preciso mesmo sair e ir ao mercado, pensei. Melhor seria se ele viesse até mim...Veio? Não! Catso!
Maquébom..é!...
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sábado, 2 de janeiro de 2010
Romantismo e Google
Por mais que me sinta nova e moderna, há costumes hoje em dia que eu reluto em assimilar, só por achar que os de antigamente são mais humanos, mais pessoais.
Recebi um e-mail e achei que fosse mais um spam pessoal (é assim que denomino aqueles que chegam, com a certeza de que na suposta intimidade, chamando-nos pelo primeiro nome, além da curiosidade, fará com que cliquemos no mesmo).
Fiquei olhando por certo tempo o início dele – Dra. Raquel. Ninguém me chama assim, a não ser os pacientes mais idosos, por isso, fiquei intrigada.
Preciso fazer um adendo.
Eu gosto do serviço de correio eletrônico do gmail, por mostrar o endereço do remetente, quando deixamos a seta por segundos sobre o nome de quem mandou. Além disso, revela o início do conteúdo do e-mail. Exemplifico, para aqueles que desconhecem. Recebi um, que não foi para a caixa de spam, que iniciava, além de meu nome, com a frase “Lembra daquele e-mail que você mandou sobre a miss Rio de Janeiro?”. Oras! Eu enviei sim um, sobre essa suposta miss, sem ir ao término da apresentação PowerPoint e, depois de receber uma ligação de amiga, que estranhou o conteúdo impróprio, fui até a lixeira do meu gmail, resgatar e terminar de ler o infame...Lord!! Enviei aquilo?! Senti necessidade de me retratar, depois das fotos que, assombrada, assisti, pois entre os destinatários estavam minhas filhas, tios, tias, pais, colegas de profissão, senhores e senhoras. Eu era só vergonha!
Quando li esse início, sem abrir o e-mail, fui ver o remetente, que era nada mais nada menos que o Sr. Alguém da Silva. Colocando a seta sobre esse nome, li o endereço eletrônico, videosebesteiras@yahoo.com. Obviamente deveria ser um spam, uma coincidência entre o conteúdo dele e a minha falha no envio da mensagem sobre a miss, que no final, nem mulher era! Não abri e excluí. É esse o motivo de ter trocado o uso de outros prestadores de serviço eletrônico. Não abro mais nada sem saber ao menos o início do que me escrevem. Em tempos de vírus e cavalos de tróia, para mim, que sou analfabeta tecnológica, é uma mão na roda, e se não me protege eficazmente contra eles, deixa minha consciência tranqüila, ao não abrir o que não sei de onde vem.
Cliquei no intitulado Dra. Raquel...
Fiquei lisonjeada e surpresa ao mesmo tempo. Me senti com 15 anos, recebendo um bilhete anônimo. Ah..., foi um prazer enorme ler texto gentil e bem escrito, sem as abreviações de hoje em dia. Não havia um vc, tbm, kkk, msm, kd e outras, que leio por aí, umas inclusive indecifráveis – às vezes penso que estou lendo algo em polonês, com tanta vogal suprimida!
Respondi, educadamente.
Não é que, dias depois desse episódio, chega no consultório um arranjo de rosas vermelhas? A secretária entrou na sala exibindo um sorriso de orelha a orelha, com as flores, seguido do comentário “aí, hein, doutora!”. Afe! Melhor ouvir isso que ser surda...
Há alguns sentimentos que imagino só as mulheres têm e a alegria que simples flores trazem ao coração feminino é uma delas – indescritível! É um ato de delicadeza, elegância, educação, sensibilidade e sutileza, de poucos homens. Meu ex-marido conquistou primeiro minha mãe, com tantas flores que enviava no início do namoro. Só no início...sem queixas, afinal, as flores murcham e morrem, mas a lembrança permanece vívida. Se os homens soubessem o poder que flores exercem...
Meses após me separar, conheci o homem mais romântico do mundo. Duas ou três vezes na semana, havia uma surpresa. Todas simples, como chocolates sobre a mesa, com bilhete; falando comigo ao telefone, tocar o interfone do consultório, no meio do dia, sem avisar (ele trabalhava em outra cidade); bichos de pelúcia; colares; cestas de café e o que mais me tocava, os poemas escritos e declamados, com minha cabeça recostada em seu peito, olhos fechados, sentindo seu coração disparado, a respiração acelerada e o aumento da temperatura da pele... Tá..., vão dizer que é o tal do só no início, os invejosos, mas era/foi momento mágico, que nada furta de mim, mesmo que escrevam que homens são todos iguais, na matéria conquista. Por que não estamos juntos? Gata escaldada, com pavor e pânico de água fria.
Voltando...Passei o dia flutuando. Como é boa a sensação de saber que há alguém no mundo que lembra de você com carinho e interrompe o próprio dia, para demonstrar.
Depois de flutuar por horas, despenquei, literalmente, ao lembrar que seria impossível o autor do e-mail educado remeter as flores. Como achou o meu endereço? Voltei lá na minha caixa de entrada, achando que havia feito alguma trapalhada ou por descuido, escrito na carta...mas nada. Não há endereço. Pensei ser um paciente, mas seria a maior coincidência do mundo, digna de ser inserida no livro Guiness, os mesmos nomes, na mesma semana.
A alegria e a leveza, provocadas então pela bela surpresa, tornaram o prócero retesado e surgiram pulgas atrás da orelha. Alegria de pobre dura pouco, né não?
Depois de certo tempo soube como descobriu o endereço do consultório: Google!
Fui lá conferir e vi minha vida exposta! Até compras feitas em sites aparecem. Que horror!! Tá lá, tudim, pra qualquer um ver. Aproveitando que estava escarafunchando minha vida, coloquei o nome do meu pai e irmão, para comparar um recém internauta com um veterano. O resultado? Quanto mais plugado na web, mais dissecada sua vida está.
E foi assim que, com a ajuda dessa maravilhosa internet, e por causa justamente deste blog, conheci um homem tecnoromântico – usou a ferramenta mais famosa da internet, para ser cavalheiro, como os homens de antigamente, entregando flores e me levando a uma apresentação de teatro.
P.S.: Tenho mais um amigo agora, de casta superior, né, Paulo? =]
P.S.2: Ainda sou gata escaldada... =[
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Recebi um e-mail e achei que fosse mais um spam pessoal (é assim que denomino aqueles que chegam, com a certeza de que na suposta intimidade, chamando-nos pelo primeiro nome, além da curiosidade, fará com que cliquemos no mesmo).
Fiquei olhando por certo tempo o início dele – Dra. Raquel. Ninguém me chama assim, a não ser os pacientes mais idosos, por isso, fiquei intrigada.
Preciso fazer um adendo.
Eu gosto do serviço de correio eletrônico do gmail, por mostrar o endereço do remetente, quando deixamos a seta por segundos sobre o nome de quem mandou. Além disso, revela o início do conteúdo do e-mail. Exemplifico, para aqueles que desconhecem. Recebi um, que não foi para a caixa de spam, que iniciava, além de meu nome, com a frase “Lembra daquele e-mail que você mandou sobre a miss Rio de Janeiro?”. Oras! Eu enviei sim um, sobre essa suposta miss, sem ir ao término da apresentação PowerPoint e, depois de receber uma ligação de amiga, que estranhou o conteúdo impróprio, fui até a lixeira do meu gmail, resgatar e terminar de ler o infame...Lord!! Enviei aquilo?! Senti necessidade de me retratar, depois das fotos que, assombrada, assisti, pois entre os destinatários estavam minhas filhas, tios, tias, pais, colegas de profissão, senhores e senhoras. Eu era só vergonha!
Quando li esse início, sem abrir o e-mail, fui ver o remetente, que era nada mais nada menos que o Sr. Alguém da Silva. Colocando a seta sobre esse nome, li o endereço eletrônico, videosebesteiras@yahoo.com. Obviamente deveria ser um spam, uma coincidência entre o conteúdo dele e a minha falha no envio da mensagem sobre a miss, que no final, nem mulher era! Não abri e excluí. É esse o motivo de ter trocado o uso de outros prestadores de serviço eletrônico. Não abro mais nada sem saber ao menos o início do que me escrevem. Em tempos de vírus e cavalos de tróia, para mim, que sou analfabeta tecnológica, é uma mão na roda, e se não me protege eficazmente contra eles, deixa minha consciência tranqüila, ao não abrir o que não sei de onde vem.
Cliquei no intitulado Dra. Raquel...
Fiquei lisonjeada e surpresa ao mesmo tempo. Me senti com 15 anos, recebendo um bilhete anônimo. Ah..., foi um prazer enorme ler texto gentil e bem escrito, sem as abreviações de hoje em dia. Não havia um vc, tbm, kkk, msm, kd e outras, que leio por aí, umas inclusive indecifráveis – às vezes penso que estou lendo algo em polonês, com tanta vogal suprimida!
Respondi, educadamente.
Não é que, dias depois desse episódio, chega no consultório um arranjo de rosas vermelhas? A secretária entrou na sala exibindo um sorriso de orelha a orelha, com as flores, seguido do comentário “aí, hein, doutora!”. Afe! Melhor ouvir isso que ser surda...
Há alguns sentimentos que imagino só as mulheres têm e a alegria que simples flores trazem ao coração feminino é uma delas – indescritível! É um ato de delicadeza, elegância, educação, sensibilidade e sutileza, de poucos homens. Meu ex-marido conquistou primeiro minha mãe, com tantas flores que enviava no início do namoro. Só no início...sem queixas, afinal, as flores murcham e morrem, mas a lembrança permanece vívida. Se os homens soubessem o poder que flores exercem...
Meses após me separar, conheci o homem mais romântico do mundo. Duas ou três vezes na semana, havia uma surpresa. Todas simples, como chocolates sobre a mesa, com bilhete; falando comigo ao telefone, tocar o interfone do consultório, no meio do dia, sem avisar (ele trabalhava em outra cidade); bichos de pelúcia; colares; cestas de café e o que mais me tocava, os poemas escritos e declamados, com minha cabeça recostada em seu peito, olhos fechados, sentindo seu coração disparado, a respiração acelerada e o aumento da temperatura da pele... Tá..., vão dizer que é o tal do só no início, os invejosos, mas era/foi momento mágico, que nada furta de mim, mesmo que escrevam que homens são todos iguais, na matéria conquista. Por que não estamos juntos? Gata escaldada, com pavor e pânico de água fria.
Voltando...Passei o dia flutuando. Como é boa a sensação de saber que há alguém no mundo que lembra de você com carinho e interrompe o próprio dia, para demonstrar.
Depois de flutuar por horas, despenquei, literalmente, ao lembrar que seria impossível o autor do e-mail educado remeter as flores. Como achou o meu endereço? Voltei lá na minha caixa de entrada, achando que havia feito alguma trapalhada ou por descuido, escrito na carta...mas nada. Não há endereço. Pensei ser um paciente, mas seria a maior coincidência do mundo, digna de ser inserida no livro Guiness, os mesmos nomes, na mesma semana.
A alegria e a leveza, provocadas então pela bela surpresa, tornaram o prócero retesado e surgiram pulgas atrás da orelha. Alegria de pobre dura pouco, né não?
Depois de certo tempo soube como descobriu o endereço do consultório: Google!
Fui lá conferir e vi minha vida exposta! Até compras feitas em sites aparecem. Que horror!! Tá lá, tudim, pra qualquer um ver. Aproveitando que estava escarafunchando minha vida, coloquei o nome do meu pai e irmão, para comparar um recém internauta com um veterano. O resultado? Quanto mais plugado na web, mais dissecada sua vida está.
E foi assim que, com a ajuda dessa maravilhosa internet, e por causa justamente deste blog, conheci um homem tecnoromântico – usou a ferramenta mais famosa da internet, para ser cavalheiro, como os homens de antigamente, entregando flores e me levando a uma apresentação de teatro.
P.S.: Tenho mais um amigo agora, de casta superior, né, Paulo? =]
P.S.2: Ainda sou gata escaldada... =[
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