sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A Manga

Essa não é uma passagem minha. Resolvi colocar umas histórias engraçadas e diferentes que as amigas passam no cotidiano.

“Tava em um restaurante por quilo, fazendo meu prato, quando entrou um homem lindo, bem vestido, cheiroso, que parou ao meu lado pra fazer o seu.
Eu tava usando um casaco lindo, cheio de pelinhos. Ainda bem que aquele dia estava arrumada!
Enquanto pegava a comida, o homem ficava me olhando... Arroz, olhada. Carne, olhada. Batatinha, olhada. Eu já toda empolgada - oba! O cara tá me paquerando! Uhu! Feijão, olhada. Eu me empolgando mais e mais... toda sorrisos pra ele, dava uma olhadinha de lado, fazendo caras e bocas quando de repente ele diz:

- Sua manga está na comida!

Senti como se alguém batesse um gongo na minha orelha! Tóimmmm...
Sem graça, puxei a manga do casaco pra cima e agradeci o aviso.
Fui sentar lá no canto do restaurante, com cara de coxinha. Tava me achando A poderosa e o cara tava só olhando pra mim porque minha manga entrava na comida."

É, mulherada...nem sempre um homem  olhando é sinal de que está paquerando. Ele pode querer te avisar que cê tem um neguinho  melanoderma na arquibancada, rsrsr.

Beijos

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Imported

Xii...tenho mais um encontro. Dessa vez internacional. Postei antes pois achei curioso o aviso do meu cupido: ‘Sabe como os estrangeiros são...acham que todas as brasileiras são vagabundas, então, se o cara falar qualquer grosseria pra você, larga ele lá e me liga que eu busco o cara e ainda xingo ele!!’


Ante esse alerta, avisei que não sairia com o cidadão imported, pois acabei de me atracar com um bandidinho e meus nelvos não estão lá onde deveriam estar...

Dá pra imaginar uma prévia desse encontro, né? Raquel mandando pra ponte que partiu o francês e largando o cara, que não conhece nada daqui, na mesa, com cara de hã?!.

Vendo por outro lado, se isso acontecer, não passarei pela fase “empurra a conta pro meu lado”, né não? =D

Enfim, só postarei aqui o encontro, se algo diferente acontecer.

=]

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sábado, 20 de fevereiro de 2010

ASSALTO E LEMBRANÇAS

Ontem fui assaltada. Com minha bolsa foi minha vida.


Só as mulheres hão de entender a expressão “vida”, quando nos referimos às bolsas e seu conteúdo, pois os homens jamais serão capazes dessa façanha. E não ousaria pedir que o fossem...são demasiadamente limitados para essa sutileza da alma feminina.

Carregamos lembranças, além dos documentos: o batom francês que a paciente trouxe de presente, o perfume que a amiga disse ser divino, as mensagens salvas no celular de pessoas importantes, os bilhetes recebidos de amigos, bombom de admirador, carteirinha de clube de quando criança, bilhetes dos filhos, cartão de visita de amigos, médicos, advogados, inclusive do pessoal que retira seu lixo todo dia, fotos dos filhos, de várias épocas, para mostrar aos amigos e receber elogios do quanto são bonitos e parecem com você, chaveiro que ganhou como lembrança de uma viagem da amiga à Europa, prendedores de cabelos comprados em uma cidadezinha pitoresca, que te remota a tudo que passou lá, comprimidos que te salvam em momentos únicos e que precisará de uma nova consulta para nova prescrição, escova de dente que sua filha escolheu a cor do cabo, o espelho que emprestou para a amiga se ajeitar no dia em que conheceu um gato, a fita métrica usada para medir seu quadril naqueles dias e constatar que é uma obesa mesmo, enfim, levam sua vida pois cada pequeno objeto lá dentro, apesar de parecer inútil, tem uma história. Cada vez que ia abrir a porta de casa, olhava o chaveiro e lembrava de quem me presenteara e, não raro, ligava para saber como ia indo. Em ocasiões em que precisava mostrar o RG, vinha à mente a razão de ele ter uma foto colada por mim e plastificada com contact, quando precisei abrir a primeira conta bancária, após ele ter sido lavado e centrifugado, pois ainda era menina que não usava bolsa – nesse momento a mente voava para um passado quase longínquo, onde a responsabilidade era só estudar.

Havia muita recordação naquela bolsa.

É por esse e outros motivos que o sentimento de raiva e rancor perdura até hoje e acho que não passará por um bom tempo.

Além de perder a minha vida, fiquei toda marcada nos braços ao reagir ao assalto e, num ato desesperado, disputar a “guarda” da minha bolsa linda, de couro marrom, enorme e chiquérrima. Com um instrumento de ferro pontiagudo, me golpeou e arranhou meus braços, puxando meus longos cabelos e tentando golpear minha boca. Perdi a batalha e a guerra. Saí marcada, derrotada, humilhada e arrasada moralmente. Percorri as ruas no entorno, com policiais atenciosos, dentro do camburão, para em vã tentativa, achar ao menos os documentos jogados no asfalto. Mas queria mesmo era tudo de volta. Não pelos valores financeiros, mas pelos sentimentais. Amava abrir a bolsa e vasculhar carteiras e bolsinhas, recordando as ocasiões onde foram adquiridas ou recebidas como presentes. O momento dos objetos nunca mais voltará. Os documentos serão novos, com fotos recentes e, ao olhá-los, só recordarei o motivo pelo qual precisei tê-los: o dia em que um drogado, melanoderma e magricela me agrediu.

Não esperava ter esse tipo de recordação com coisas que levarei na bolsa. E mesmo que compre bolsa nova, nécessaire, batons, rimeis e tudo que mais havia lá, será sempre impessoal e a única história que contarão é do assalto.

=[
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Totoquinha.


Estávamos eu e uma amiga, sexta, dia dos namorados, véspera de meu aniversário, em um barzinho badalado. Bebericávamos, beliscávamos e conversávamos, animadamente, quando um homem puxou assunto comigo. Preparador físico de goleiros em um time famoso, louro, dourado pelo sol, olhos verdes, alto, com seus 35 anos, mais ou menos, com os músculos à mostra e recém separado. Minha amiga, em um gesto da mais pura cumplicidade feminina, afastou-se para que pudéssemos interagir.
Conversa vai, conversa vem, comentei que tínhamos o mesmo patrão, já que trabalho na universidade cujo filho do chanceler era o presidente do time em questão, inclusive dizendo o dia que ministrava as aulas.
O relógio bateu meia-noite e ele disse-me que precisava ir descansar pois teria jogo no dia seguinte em outra cidade, devendo partir em poucas horas. Perguntou-me se iria embora, recebeu uma negativa, afinal, estava como carona. Tascou-me um beijo na boca e, antes de ir, soltou essa:
- Quando namorarmos, e eu jogar logo cedo, não ficará aqui. Te deixarei em casa, viu, amor?
Achei engraçadinha a preocupação. Anotei o número do seu telefone celular e fiquei de ligar. Não liguei.
Nos reencontramos no mesmo lugar. Conversamos um pouco e novamente ele precisava ir embora. Dessa vez dei o número do telefone. E me arrependi...
No dia seguinte, acordei e tinha umas 1765 ligações não atendidas no meu celular e mais 2.500 no Nextel. Domingo. Achando que algo ruim ocorreu com algum paciente, pois era um número que não estava na minha agenda, liguei imediatamente. Era o Totoquinha que havia ligado desesperadamente. Recebi uma bronca, leve, por não atendê-lo. Com educação e firmeza na voz, disse-lhe que era um absurdo o comportamento dele, afinal, havíamos conversado, em dois dias, umas quatro horas, no máximo, portanto, não tinha a menor obrigação em relação a ele – ou nós!
Domingão, noite, frio, chuva, banho tomado e pijama, jogada no sofá, pronta pra dormir e esperando o sono chegar, por volta das 23h, meu celular toca. Quem era? Totoca! Céus! Isso era hora?! Atendo ou não?
- Alô!
- Oi, amor...voz melosa. Eu, pra me fazer de desentendida, perguntei quem era.
- Já me esqueceu? Sou eu...
- Ah...é você...oi... com desdém.
- Adivinha onde tô?
- Não faço a menor idéia – e sequer quereria saber...
- Aqui, na porta do seu prédio! felicíssimo...!
- No meu prédio?! NO ME-U PRÉ-DI-O??! Como soube onde moro?
- Ué, você! Disse que morava nessa cidade e eu conheço tudo aqui...achei sua casa...Desce, quero te vê!
- Tá louco?! Estou de pijama e com minhas filhas. tresloucada de ódio!
- Que linda...deixa eu ti ver de pijama, vá! Vem, tô com saudade!Desce...
- Não dá. Vou dormir e minhas filhas estão aqui. Devia ter avisado que estava vindo, pouparia sua viagem...agora, perdendo completamente minhas faculdades mentais!
- Desce amor! Vá...é rapidinho...só ti vê!
- Olha, você está confundindo tudo...
- Tô nada...cê vai vê quando formos namorados...vô ti vê todos os dias! Você é a mulher da minha vida... num tom de voz que só na cachola doente dele achava romântico! Se não descer, vou fazer uma serenata aqui pra ti...
- Catso! Cê num é loco! Eu chamo a polícia!
- Então desce, vá...
Desci, de pijama, chinelo e espumando de raiva. Parei no portão e disse em alto e bom tom que, se não sumisse dali, ia chamar a polícia mesmo, que era um absurdo ele aparecer assim e que estava me constrangendo (na realidade, me deixando com medo...). Dei meia volta e entrei. Ainda escutei ele resmungar qualquer coisa como “ficava ainda mais linda brava...”
Ao abrir a porta da sala, escutei o celular tocando e vi seu nome no visor. Não atendi e desliguei os aparelhos. Mal consegui dormir.
Na manhã seguinte, liguei os telefones e chegaram vários avisos de ligações perdidas, todas do Totoco!, Que cara persistente!!
No meio da manhã o meu telefone começou a tocar até o último ring, seguido pelo toque do outro, ou seja, quando um parava de tocar, começava o outro...
Fiquei irritadíssima, mas não atendi ou retornei. Mas precisei colocar no silencioso, tamanha insistência. O telefone “bombou”, diriam os adolescentes. Ligou várias vezes por dia, o dia todo, até eu desligar tudo novamente.
Em casa, abri meu Orkut e me deparei com um pedido de adição de amigo, em nome dele. Como ele não fazia parte dessa rede, pediu que seu primo me adicionasse. Nesse meio tempo, busquei informações com uma amiga, que disse conhecê-lo, bem como sua família. Assegurou que era boa gente. Adicionei, para poder ver quem era o primo e saber um pouco mais sobre ele e a família.
No dia seguinte...
Fui dar aula. Ele continuou ligando, mandando torpedos, com a mesma ladainha de que eu era a mulher da vida dele, que estava apaixonado e se eu acreditava em amor à primeira vista. Fim do dia, estava tomando um café com meus colegas de profissão na cantina da faculdade, quando vejo o Totoquinha andando pelo pátio, em minha direção. Nunca, em anos freqüentando a faculdade, eu apareci com um homem, mesmo sendo meu marido – atual ex. Sou a única mulher da equipe e, ainda que num vislumbre, sabia que seria alvo de chacota por parte de meus colegas, durante o resto do ano, se aparecesse ao seu lado. Me despedi, correndo da turma e fui, ligeira, em sua direção.
- O que faz aqui?! Interpelei.
- Vim ti vê! – sorrindo...
- Quem disse que eu queria? Olha aqui, moço...isto está ficando irritante!! Você não pode vir no meu trabalho, sem avisar e..
- Eu tento, mas você não me atende, então resolvi fazer uma surpresa!
- E foi mesmo, bem desagradável!
- Credo, amor... magoado! – Só queria tomar um café com você. Foi bem difícil pra mim estacionar aqui...vamo lá. A gente toma um café, bate um papinho...
Cacete. Levei o mala pra bem longe dos olhos do povo da faculdade, antes que o maluco fizesse algo que me embaraçasse mais.
Fui embora com o telefone tocando e mensagens chegando. Abrindo meu Orkut a noite, tinha recado do joselito, dizendo que estava com saudade de uma maneira íntima, como se fôssemos ou tivéssemos algo. Nesse meio tempo, ele foi viajar a trabalho e deixava trocentos recados por dia no meu Orkut, 700 ligações e dois mil torpedos.
Enquanto atendia uma amiga, acabei comentando sobre os episódios e, antes que acabasse, ela perguntou se o protagonista não era Beltrano. Pois é. Tcharã!! O Totoca estava fazendo a mesma coisa com ela. Leu um recadinho dela no meu Orkut e, conhecendo-a dos idos dos bancos escolares, acabou por entrar em contato e a moça, iludida por sua boa aparência, passou o número do telefone. Ambas recebíamos inúmeros torpedos e ligações, a qualquer hora do dia, com a mesma conversinha fiada e o mesmo conteúdo do torpedo! – já havia passado por isso antes, bem antes... “Somos almas gêmeas...amor à primeira vista...mulher da vida dele...”e por aí ia...
Não atendia mais suas ligações.
Eis que, num belo dia no consultório, saio da minha sala para falar com a secretária e dou de cara com ele sentado na recepção! Valha-me Deus!! O guri achou meu consultório! Levantou-se ao me ver, com uma abertura de boca inigualável, arreganhando os dentes brancos e pontiagudos, com olhos brilhantes como uma pedra turquesa, num cinismo intragável. Disse que veio me ver, onde, com a feição mais carrancuda do mundo, respondi que ia atender o dia todo e que era melhor voltar outro momento. Falou que esperaria. Droga! Deixei-o mofando por horas e cada vez que a secretária entrava para anunciar outro paciente, eu acenava com a cabeça, em tom de pergunta e ela acenava afirmativamente, de volta. Não precisávamos falar nada.
Já que ele não ia embora, pedi que entrasse na minha sala, sentando num canto e deixando ele em pé, no extremo oposto.
- Fala. Que te trouxe aqui? Grosseiramente.
Num blá, blá, blá sem proporção, disse-me as mentiras que eu já ouvira antes. Mesmo tendo deixado claro em outras ocasiões, resolvi desenhar pra ver se ele entendia. Loiro, sabem como é... Enfatizei que nunca tive a pretensão de nada e que as investidas dele me incomodavam e constrangiam. Não sei se era ingenuidade, idiotice ou hipocrisia, mas perguntou, no final da minha aula de desenho, se eu não gostava ao menos um pouquinho dele. Grunhindo, disse que não e pedi que fosse embora. Pediu um abraço, pra ficarmos amigos...cáspita! É Totoquinho mesmo...
Assim que ele fechou a porta, chamei minha amiga no rádio. Ela atendeu gargalhando e disse:
- Calça preta, camisa manga longa estampadinha, sapato e cinto pretos!!
Gargalhamso juntas, até chorar! Era uma figura mesmo. Acabara de sair do escritório dela e, sem sucesso, veio bater na minha porta. Só um cara sem noção de nada para achar que poderia enganar as duas ao mesmo tempo!
Resultado? Menos de um mês depois, ele estampava uma aliança de compromisso em uma moça que caiu em seu conto.

Nos fez pensar em como há homens - mulheres também -, que no auge da insegurança e não conseguindo ficar sozinhos com eles mesmos, se agarram ao primeiro que aparece pela frente, como náufragos, demonstrando que trocam de amores como quem troca de roupas - ou no instante em que alguém deixa de ser novidade, perdem o interesse em alguns meses e, para massagear o superego, recomeçam o ciclo...





Como sempre digo...só comigo mesmo...!! =D