quinta-feira, 24 de setembro de 2009

De molho.

Vou hoje fazer um apêndice, um intervalo, uma propaganda, um reclame, no relato da minha viagem, para postar, envaidecida, como somos moldados desde nosso nascimento – ainda que caráter seja nato – e o privilégio, de só quem é mãe e participa da educação da filha, pode sentir nessa empreitada.


Estive acamada, literalmente. Por três dias, só me levantei para necessidades básicas – higiene pessoal e necessidades fisiológicas.
Minha família mora em outra cidade e recentemente, minha primogênita alçou voo pra lá também. Moro eu e minha pequenina. E dois yorks.
Nunca fui uma mulher acostumada a ser servida ou a receber mimos. Venho de uma familia nada amorosa, austera e seca. Faço tudo por mim, sem esperar nada. E ninguém faz melhor que eu.
Acho repugnante, asqueroso, mulheres que pedem de tudo e para todos, de presentes a atenção. Pra mim é uma exploradora. Entendi, desde pequena, que se eu pedisse – e se esse algo não estivesse ao alcance do bolso de quem fosse -, talvez o constrangesse ou o entristecesse. Obviamente não com essa clareza toda, só sentia não ser certo pedir. Assim cresci e fui educada. Assim eduquei minhas meninas. Não peço nada e geralmente sou taxada de orgulhosa.
Ao me perguntarem “o que quer de aniversário?” ou “o que quer de natal?”, a resposta sempre foi a mesma: o que quiser.
O ruim dessa história é que sofro decepções. Já ganhei presentes horrorosos, esperando algo mais romântico, e equivocado. Até usado. Mas recebo todos com carinho, pois sei que a pessoa perdeu ao menos um minuto do dia, pensando em mim.

Minha pequenina e indefesa, delicada, doce e educada filha mais nova, mostrou, nesses dias, que valem todas as duras penas ser mãe, só para ver acertei ou acerto em sua educação, e o quanto está amadurecendo para se virar nesse mundo cão.
Suas atitudes, sua preocupação, seu modo de agir – tudo que fez – foi a prova cabal de que estou no caminho certo ou eu fui mesmo abençoada com filhas de índole boa.

Ajeitou minha cama; cobriu- me com edredom; lavou louça a noite; tirou o “gelo” dos sucos e leite, no microondas; fez sanduíches, com a opção de in natura ou quente; ligava no intervalo da aula para saber se estava melhor, dizendo quando ia se atrasar e a razão e ainda me orientava, perguntando se havia tomado meus remédios.
Serviu-me na cama, sem reclamar. Todas as vezes que a chamei, respondeu prontamente. Em seu rostinho de 11 anos, era nítida a preocupação com minha saúde e meu bem estar.
Não imaginam a vozinha dela - é uma menina de trejeitos delicados. linda, calma, tranquila.
Ficou comigo acordada madrugada, nesses dias, conversando, contando sua vida social e escolar, pedindo para eu procurar um médico e acordava as 6h30 todo dia, até que uma noite, exaurida, dormiu com o prato na mão - estávamos comendo pizza na cama, sempre repreendido por mim, mas que podia ser regra quebrada, já que a situação permitia -, que escorregou e fez-se em pedaços no chão. Chorei. Sou abençoada e tenho muita sorte.

Nunca fui tão mimada.

Nunca me senti tão amada.

Nunca me senti tão importante para alguém.

Nunca me senti tão indispensável.

Amo ser mãe.

Amo minhas filhas, incondicionalmente.

A mais velha, em tempos tecnológicos, fez a mesma coisa - preocupou-se -, por mensagem instantânea e acho até que ralhou comigo, já que é meio impossível ler entonação.
Cada vez que observo atitudes nelas que eu e minha família contribuímos, fico emocionada e orgulhosa. São seres humanos da mais alta estirpe, raridade nesse mundo torpe, fútil e egoísta.
Se morresse hoje, morreria tranquila, sabendo que elas absorveram todos os valores de família que recebi e transmiti, aqueles que moldam o homem.

Minha vida é maravilhosa, agraciada e divina. Sou muito feliz.

Já plantei uma árvore, tive filhos e, num mundo virtual, escrevo em um blog, o que é quase um livro (ué, posso pensar assim, pô?!) – pra mim, missão cumprida e tenho só 38 anos. Agora, é esperar os louros, em forma de mais atitudes honestas, gentis, dignas, decentes, íntegras, como são as da minha mãe, meu pai, meu irmão e as minhas.
E curtir...
Katherine e Rebecca. Sinônimo, em meu dicionário, de ser humano.

;-D

4 comentários:

  1. Quem naum tem filhos nãosabe o que perde.Parabens.Parece ser meninas maravilhosas.

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  2. (...Venho de uma familia nada amorosa, austera e seca) Esta se referindo ao Langão?

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  3. Não, anônimo...me refiro a familia Lang INTEIRA, rsrs. Aliás, somos conhecidos por essa peculiariedade. E por ser muito meiga, a Becca é alvo de chacotas nas reuniões familiares - insinuam até que ela foi trocada na maternidade -, pode?!
    É uma familia sutil e meiga...rsrsr

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  4. LIndas mesmo Raquel. Filho eh tudo de bom. Nao sei que graca teria minha vida sem meu baixinho tambem. Eh um amor que nenhum homem do mundo supera. Parabens, elas sao lindas.

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