Mala em mãos, eu fui procurar pela Leli, apelido da irmã de minha amiga e a culpada por essa viagem fantástica!
O aeroporto estava vazio, as moscas, niente alma. Encontrei-a. Estava acompanhada por mais duas amigas, de ascendência oriental. Japinhas.
Beijos de boas-vindas, cumprimentos, apresentações e logo estávamos no estacionamento, onde conheci o Anderson, o herói da história – sim, pois viajar com quatro mulheres não é nada fácil.
Anderson é muito alto, louro e olhos claros, típico de quem nasceu no sul do nosso país. As meninas, com estaturas menores que a minha, magras. Ana era a menor de todas. Era ela quem dirigia. Abriram o porta- malas do carro, um celta alugado, e fizeram cara feia quando viram minha mala: era enorme, quase do tamanho do carro. Anderson tirou as mochilas, colocou minha mala e depois arrumou, reorganizando novamente.
A Leli me avisou que iríamos dormir em Porto Alegre, no apartamento do amigo do amigo da amiga dela, e cedinho viajaríamos para Santa Catarina e... Como? Ouvi bem? Santa Catarina?
- Santa Catarina? - perguntei...
- É, Raquel...vamos para Santa Catarina, passar o carnaval lá... - daria tudo para verem as expressões dos outros três, de constrangimento, olhando pro chão - hilário!
- Mas a Luise me disse que era Porto Alegre...
- Eu sei. Não sabia se você ia gostar...fiquei sem graça em dizer que nós ficaremos em um hostel...
- Um albergue?! Nós vamos passar o carnaval em um albergue da juventude?! – surpresa! Se tá no inferno, abraça o capeta!
Jesusinhoamado!! Ninguém me disse e eu não perguntei...agora é tarde. Simbora!!
- Então, tá. Bora!
Tinha ainda que digerir a novidade. Eu tenho essa mania, péssima, de não perguntar por detalhes. Empolgada com a perspectiva de sair do meu universo, sequer quis saber onde ficaria, com quem e por quanto tempo. Então é isso. Voei até Rio Grande do Sul, pra passar o carnaval em Santa Catarina. Xiiii, Marquinho!!
Dormimos em um apartamento no centro de Porto, antigo, e cedinho estávamos acordados, para empreendermos viagem. Assentados nos respectivos lugares, com a Ana no volante – mal se via sua cabeça além do encosto, tão pequenina figura era, lá fomos nós.
Conversa vai, conversa vem, paradas para xixis e cafés, estrada, paisagem, pardais, quase seis horas depois, vejo, horrorizada, uma placa: BEM VINDOS A PRAIA GRANDE. Não acreditei na coincidência – de Praia Grande direto para Praia Grande! Só comigo mesmo!
Restava então questionar o restante do planejamento da viagem. Foi chocada que soube ser a jornada uma parada ecológica. CAGALHOS! Eu tinha sapatos com saltos altíssimos, colares, bolsas fashion, maquiagem, brincos, secador de cabelo na mala, e ia para um albergue da juventude, em uma cidade que vive do ecoturismo, com escaladas, trilhas e essas naturebas todas da moda. Agora entendi o conselho do tênis e calça confortável. Repetindo: tá no inferno, abraça o capeta!
A cidade era uma graça. Com uma única praça, da Igreja, obviamente, casas de madeira construídas sobre pés ou estacas – famosas palafitas – ruas pouco asfaltadas, barrentas e vermelhas, típica de cidade que está constantemente alagada pelas chuvas e extravasamento do rio, com seus habitantes loiríssimos e crianças tímidas que se escondiam quando passávamos.
O albergue era simples, limpo e cheiroso. D. Neri, a proprietária, deixava a roupa de cama e banho muito macia e cheirosa – além dela, só conheço minha mãe. Tinha gramado ao redor da casa, paredes de tijolos vermelhos, uma sala aconchegante, cozinha com uma mesa grande, várias cadeiras, geladeira, um rádio que não funcionava e nenhuma televisão. Celular? Nem pensar! Não havia sinal, nem da Vivo, portanto...isolamento! Delícia. Sem TV, celular e rádio. Tudo que precisava.
Escolhemos nossas camas, descarregamos o carro, guardamos os pertences no guarda-volume e procuramos saber onde era o mercado, avisados de que o mesmo fecharia no feriado, saímos correndo às compras.
Continua...
oi Langgggggggg........bj Fabio
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