Recebi ontem,
de um amigo, um e-mail de agradecimento por fazer parte da vida dele,
encaminhado também para mais amigos.
Fiquei pensando que a vida passa rápido e lembrei-me de uma conversa que tive com
minha avó, recentemente falecida.
Certo dia
ela disse que, no tempo de sua mocidade, visitava-se com certa frequência os
amigos. Era uma dedicação formal, uma prática social. Vestiam-se com esmero
para tal. Tomavam o trem ou bonde e ainda caminhavam muito para visitar outra
família amiga - ou um parente. Motivo de confeccionar quitutes e bolos
deliciosos. Motivo de festejos. E seguia narrando, não para mim, mas para ela
mesma, com saudosismo na voz, fitando o horizonte, com riqueza de detalhes:
precisavam ligar para um vizinho da rua e pedir para chamar quem gostariam de
falar para marcar a data; os sapatos eram engraxados e polidos um dia antes; as
roupas, engomadas; preparavam com antecedência guloseimas para presentear o
anfitrião; e a benção era pedida quando do encontro.
Percebi
que ela revivia o momento. Continuava sua história até que comentou, em tom de
queixa, que hoje em dia nós tínhamos muito mais facilidades e nos encontrávamos
somente nas datas festivas, rapidamente. Possuíamos carros, telefones, metrô, muitas
linhas de ônibus e agora telefones celulares, mas nunca tínhamos tempo de, ao
menos, realizar uma ligação para dar um oi. A queixa não era só por não
visitarmos mais frequentemente sua casa. Tenho certeza que fazia referência à falta de
comunicação entre nós mesmos, parentes próximos. Tive um mal estar por saber
que ela estava certa e que, mais que correria diária, era pura falta de
interesse e descaso, essa nossa carência de preocupação com os mais chegados, afinal, quando queremos mesmo, fazemos acontecer.
Bom,
narrei isso tudo para dizer, ainda que virtualmente, àqueles que não vejo com
muita frequência que, apesar da distância, apesar desse descaso, tenho todos em
alta estima.
Tenham
uma excelente semana...
=]
Visite os amigos com frequência. O mato cresce depressa em caminhos pouco percorridos.
Provérbio escandinavo.
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