quinta-feira, 29 de março de 2012

Parte II - Saga da Janela Indiscreta.

E não é que, por força bem maior que minha vontade, cedi a encobrir minha janela com uma cortina?
Tô lá, zanzando na minha sala, coberta dessa vez por duas peças íntimas, mas comportadas, quando "sinto" olhares indiscretos. Dou uma espiada para fora e vejo o folgado do vizinho quase caindo da sua sacada, bisbilhotando a minha.
Parei na janela, com as mãos na cintura e falei alto:
- Perái, que sua mamata vai acabar, viu? - gesticulando a mão com o dedo em riste!
Me vesti correndo e saí.
Comprei um varão, buchas, parafusos e todos os apetrechos para colocar uma cortina.
Munida de furadeira, brocas e martelo, instalei o varão e triunfantemente, cerrei o tecido da cortina, vagarosamente, como quem saboreia uma vingança em um prato congelado. Pronto! O show de corpos em peças íntimas acabou.
Se eu me senti melhor? Nada... Me senti mais invadida ao ter que usar de um recurso, sem a mínima vontade, para afastar olhares indiscretíssimos da minha vida - a mesma sensação quando da colocação de grades nas janelas - perdi a minha privacidade e liberdade de escolha.
"...as grades são para trazer proteção, mas também trazem a dúvida se é você nesta prisão..."


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