Estou sem postar aqui por mais de 1 ano. Andei sem vontade, desanimada. Não posto, mas escrevo, e muito. Tô voltando hoje e conforme o tempo for aparecendo – e a vontade crescendo – vou colocando aqui o que vem acontecendo comigo e talvez no mundo, minhas percepções das verdades ditas por aí.
Vou começar com o assunto Gisele e o comercial da Hope, e o tal de sexismo e exploração da imagem da mulher sempre pejorativo, mesmo que esteja esgotado, mas não no sentido de apontar o quanto a maioria dos homens, notadamente, são sexistas, pois isso todos sabemos. Quero reclamar o quanto nós, mulheres, temos culpa neste cartório – de educar os homens para serem sexistas e machistas. Sou, orgulhosamente e notoriamente, feminista desde pequena, visto o ambiente masculinizado em que cresci. Lá, os meninos podiam tudo e eu, quase nada. Almoços de domingo, longos e cheios de louça, era sinal claro das diferenças em nossas educações: meninos não lavam louça. Meninas sim. Meninos não limpam fogão. Meninas sim. Meninos não passam pano no chão. Meninas sim. Acho que o medo de que, se eles tivessem esse tipo de tarefa, os deixasse menos homem, sobrepujava a justiça que deveria imperar sobre divisão de tarefas a serem realizadas por nós – ou talvez fosse mesmo só cultural – minha mãe aprendeu com a mãe que aprendeu com a mãe e assim ficou estabelecido, pois lá na era dos primeiros homens, as tarefas foram definidas por diferenças físicas (alguém duvida que os homens eram e são mais fortes, muscularmente falando?) Justificável para aquele tempo, onde a mulher paria sem parar, tinha a prole enorme e precisava ficar de olho nas crias, enquanto o parceiro ia à caça, para subsistência do grupo. Então, era uma época primitiva.
Sigo, estarrecida e chocada, amigas próximas educando seus filhos neste mesmo padrão de “machismo”. Não usa rosa ou qualquer cor que lembre menina; se a menina peida na mesa, é repreendida veementemente, se acontece com um menino, a bronca é seguida de risos e incentivos, geralmente pela ala masculina, para arrotar também. Meninos pequenos são incentivados a passar a mão nas amigas da irmã mais velha ou da mãe, seguido por risadas e frases como “esse aí vai ser garanhão”, mas se uma menina pequena é flagrada, por curiosidade, mexendo nas partes íntimas de um menino, é surrada. São esses comportamentos sexistas que acabam gerando esse desrespeito com a mulher, ao ponto de, esta semana, centenas delas saírem às ruas, brasileiras em Portugal, para protestar e pedir que as autoridades façam algo para coibir a mídia que as expõe pejorativamente, como se mercadoria fossem. Esses comportamentos na nossa infância e que parecem inocentes, geram os preconceitos de hoje, contra mulheres, homossexuais, pessoas com necessidades especiais etc. Está nas mãos das mulheres, que geram e educam e criam, modificar este pensamento e deixar homens (e mulheres) mais respeitadores, mais educados, mais elegantes neste mundo. Não há problema nenhum em dizer aos meninos, desde pequenos, que eles não podem bater em ninguém, que dirá nos menores e nas meninas. Para corroborar este meu pensamento, exemplifico com uma história que escutei recentemente de um amigo. Disse-me que seu pai, homem educado e elegante, era capaz de ficar muito tempo em pé no restaurante, mesmo com mesas vazias, só para esperar uma em que pudesse colocar sua mãe e irmã de frente para a porta de entrada, visto as mulheres que eram colocadas com as costas para a entrada era porque, geralmente, o acompanhante queria esconder, assim, quem entrava não poderia reconhecê-las. É antiquado, mas nota-se, nos detalhes, o tipo de educação que este meu amigo recebeu, onde a mulher não só era tratada como ser humano, mas valorizada na sua importância social.
É isso. Meu pitaco está dado. Pena que Ele não me presenteou com meninos.
Mulherada, está em nossas mãos essa revolução no comportamento do ser humano. Se conseguíssemos deixar pessoas mais educadas, elegantes, sinceras, neste mundo, não teríamos guerras, fome e muitas das mazelas que aí estão. Imagina uma legião de homens que abrem as portas dos carros, dos restaurantes, que mandam flores sem data especial, que não agride, verbal ou fisicamente, que enfim, trata a todos, não só mulheres, com respeito, elegância, educação, civilidade, delicadeza e cortesia. Ah...como é bom sonhar!
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