quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012


Depois de passar por maus bocados com relação ao pouco caso de médicos e funcionários de hospitais, há menos de um ano, o mesmo azedume viemos experimentar.
Minha avó vem definhando neste último ano, mesmo sendo assistida por geriatras. Atribuíam à perda de apetite sua idade. “Velhinho é assim mesmo... vão ficando magrinhos, difíceis para comer, esquecidos...”.

Acreditamos nesta ladainha de senilidade. Minha avó mal parava em pé e um passarinho comia muito mais que ela. Briguei para passarem uma sonda nasoenteral, achando que os médicos tinham razão e ela se recusava a comer como uma criança birrenta. Ao saber disso, ela mesma prometeu comer melhor e mais que o atualmente. Ficamos felizes. Eis que não mais que uns dias em cumprindo sua promessa, relata dores abdominais absurdas, e é levada às pressas ao hospital, lá ficando.
Acharam melhor realizarem uma bateria de exames – exames nunca antes pedidos pelos geriatras. Nossa surpresa: ela está morrendo de câncer, com metástases por todo corpo.

Minha descrença  nesses médicos é tamanha que sequer tenho forças para qualificá-los. Estou juntando todos no mesmo saco, epigrafado “mercenários”, pois é assim que vejo, novamente estarrecida, a posição sem comprometimento com o juramento que eles fizeram. Médicos não podem errar, ainda que errar seja humano. Se puder pecar por algo, seria pelo zelo.

Minha avó será só mais um número, em estatística aviltante, do descaso dos profissionais médicos.
Mas por que se importariam? Eles vão almoçar, todo domingo, na companhia de suas próprias mães, né?

Que sua partida, Mama, seja a mais tranqüila possível...

=[