Sabe aquele balanço que perturba a maioria, nos finais de ano? Pois então. Fiz só uma vez, uns anos atrás. Muito trabalho! Agora faço sempre, para não acumular e tento corrigir o mais cedo possível os desvios que a vida impõe.
Estou agora tentando incutir aos amigos, pretensiosamente, que o façam também nos 360 dias do ano. Esses últimos 5 dias, aconselho – sabendo que se fosse bom, vendíamos –, reservem para o que eles, comercialmente, pretendem: presentear, reunir as famílias, cear juntos, rir, beber, bebericar, ver as crianças, ávidas, rasgarem os pacotes de presentes e o que acho mais importante, estar em companhia daqueles que mais cedo ou mais tarde não estarão aqui. A vida é curta e a saúde frágil...O restante do que essas datas, pagãs, mascaradas de cristãs, hipocritamente representam, devem ser praticadas o ano todo.
Nos 360 dias do ano que antecedem essas datas festivas, a prática deve ser a de amar, doar, perdoar, compreender, ouvir, e se possível, dar as duas faces, sem a balela de que parecerão fracos, afinal, só os fortes perdoam... Utopia? Ela me move. Ainda espero em uma nova era, que minhas gerações futuras, em dia de Natal, comentem a mesa o quanto difícil era viver no século XXI, com todas as diversidades e animosidades inerentes ao ser humano, já que nesse novo mundo, não há segregação, racismo ou ódio.
Não sou Madre Tereza – não renunciei minha vida para assistir a de outros –, contribuo para um mundo melhor, simploriamente: respeito os idosos, as crianças, os homens, os animais e o meio ambiente.
Como poucos, amadureci e evoluí, cada vez mais nesses 360 dias, tendo muito a aprender. Passei a ser mais tolerante e a compreender mais. A perdoar e esquecer. A engolir as injustiças contra mim e a clamar das, contra outros.
Acumulei riquezas? Comprei casa ou troquei meu carro? Torrei salários no shopping, com futilidades? Cometi claro, vários, dos pecados capitais. Aviltei? Magoei? Sacrifiquei? Certamente que sim.
Procurei melhorar. Errei, acertei, mas tentei.
Usei o que Ele me reservou de mais precioso, para refinar as qualidades que eu já sabia existirem em mim: o dom de ser mãe é, sem sombra de dúvida, a mais importante.
Em meio a tantas pessoas com a mesma benção, eu agarrei a Graça e fiz dela meu presente maior, minha moção de vida. Portanto, posso dizer que, não obstante as incertezas que a gestação causa, o crescimento delas foi tranqüilo, amoroso e hoje colhemos, juntas, o que de melhor a vida tem destinado à elas. Só quem é mãe e ama seus filhos – e já chorou baixinho, no travesseiro, após negar muitos dos pedidos deles –, é capaz de sentir o peito inflar de orgulho ao ser sempre a primeira a receber as notícias, boas ou ruins, das suas aspirações.
Me mostrei forte e conquistei o mundo – meu mundo. Me arrependi, e aprendi a fitar à frente, mesmo com olhadelas furtivas para trás. Arquei, não sem luta renhida.
Mais uma vez agradeço a força física, vigor e resistência que recebi Dele. Sem saúde, até emocional, não sairia do lugar.
Todas as quinquilharias que costumamos acumular foram removidas no passar dos dias. Não preciso, agora, arrumar meu guarda roupa para dar lugar ao novo. Ele tem sempre espaço sobrando. E sequer a lista, malfadado, de coisas a fazer no novo ano, escrevi!
Aí, só por ser fim de ano, as pessoas ficam mais sentimentais, quando destratam tudo e todos, o ano todo.
Como citei em outra reflexão, na peça da minha vida, eu sou a protagonista e todos ao meu redor não são meros coadjuvantes: seus papéis sempre foram o de atores e atrizes com participações especiais e créditos em letras maiúsculas!
Uma excelente noite de Natal, regada a beijos e abraços carinhosos, grudados, apertados, carícias nos cabelos, tapinhas nas costas, gracejos e muito brilho no olhar, verdadeiro, de quem será, daqui para frente, capaz de PERDOAR, ESQUECER e AMAR, sem receio de ser FELIZ!!! Que as rabanadas e os bolos e tortas doces, adociquem essa noite e os seguintes dias de 2010.
O ANO QUE VEM SERÁ DEZ!!!